quarta-feira, 2 de setembro de 2020

J. R. R. Tolkien e a sua paixão pelas línguas

Há 47 anos atrás o autor inglês J. R. R. Tolkien nos deixava. Quem é Tolkien? Ora, meus queridos e queridas, vocês não sabem? O nome Frodo e o título 'O Senhor dos Anéis' lembram alguma coisa?

Sim? Pois bem: ele é o autor desse grande livro, um dos mais lidos e traduzidos no mundo, e foi um grande professor universitário e exímio filólogo.  

Para fazer uma homenagem a esse grande escritor (foto), vamos contar algumas coisinhas sobre sua vida.


John Ronald Reuel Tolkien nasceu no dia 3 de janeiro de 1892 em Bloemfontein, África do Sul. Filho de um casal inglês, seu pai trabalhava no banco na cidade quando o pequeno Ronald nasceu. Logo ele ficaria órfão de pai (que contraiu febre reumática e faleceu). Ronald tinha 4 anos na ocasião e sua mãe, Mabel, havia voltado para a Inglaterra um ano antes para  cuidar da saúde. Ela levou ele e seu irmão mais novo, Hilary Arthur, para junto de sua família materna e por lá, acabaram ficando após o falecimento do marido e do pai.  

Em 1900, a situação financeira de sua família se deteriorou. Sua mãe era de uma família anglicana, e acabou convertendo-se se ao catolicismo. Contra essa escolha, Mabel e os meninos perderam toda a ajuda financeira de seus familiares. Por isso, quando sua mãe ficou gravemente doente, por complicações na diabetes (sem tratamento na época) ela não resistiu. O garoto Tolkien tinha 13 anos, e viu nisso um sacrifício pela fé. Converteu-se também ao catolicismo e seguiu os preceitos da religião até o fim de sua vida.

Ele e seu irmão mais novo Hilary Arthur viveram uma infância simples e apesar dos problemas, relativamente feliz, nos subúrbios da Inglaterra. Com o falecimento de sua adorada mãe, ele e o irmão mais novo ficaram aos cuidados do Padre Francis Morgan. Foi ele quem ensinou a Tolkien o significado do perdão e da caridade. No orfanato que moravam, ocorreu outro episódio que marcaria a sua vida: Tolkien conheceu Edith Bratt em 1908, uma jovem órfã que viria a ser a grande paixão de sua vida, além dos livros e as línguas.

Por algum tempo, Tolkien foi um pouco sapeca: Ele e Edith namoraram as escondidas, já que Padre Francis - seu tutor - sabia da inclinação aos bons estudos do garoto e achava que “namoricos” tiraria a atenção dele, prejudicando sua educação. Diante de uma proibição de se encontrar com Edith antes da maioridade, Tolkien se viu obrigado a se afastar da namorada por um tempo.

Assim que completou 21 anos, ele não titubeou em escrever uma carta à Edith. O conteúdo da missiva era um só: convencê-la  a se casar com ele. Apesar de ela já estar comprometida com outro rapaz, Edith terminou o relacionamento e aceitou o pedido de Tolkien que tinha também uma outra “exigência”: a conversão ao catolicismo. Juntos eles tiveram quatro filhos: John Francis (1917–2003), Michael Hilary (1920-1984), Christopher John (1924-2020) – seu herdeiro literário – e a caçula, Priscilla Anne (1929).

Na infância ele inventava línguas por brincadeira, mas quando adulto, seguiu o costume por puro prazer. Delas, brotaram suas melhores histórias – inclusive aquelas conhecidas por todos nós como 'O Hobbit' e 'O Senhor dos Anéis', para mencionar as mais famosas.

Tolkien era um professor, marido e pai muito dedicado. Para os filhos, a coisa não foi diferente da sua vida profissional: muitas narrativas de sua autoria foram direcionadas aos seus primeiros leitores, seus meninos e menina – como 'Roverandom', 'Mestre Gil de Ham' e 'As Cartas de Papai Noel'.

Como aluno, era o típico cara sério e tímido, mas sempre se destacava como muito inteligente e profundo estudioso de idiomas. Se havia algo no Tolkien estudante que deve ser notado como algo espetacular era a sua propensão à descoberta e o prazer nos estudos, sobretudo sobre literatura e línguas antigas.

Como acadêmico era o mesmo: era tímido em público, mas diversos alunos demonstraram interesse por suas aulas serem altamente dinâmicas. Ele entrava na sala e declamava poemas – por exemplo – em gótico, com uma naturalidade ímpar. Há quem conte que ele “transformava as suas aulas em um salão de hidromel”. Devia ser bem interessante!

Por falar em línguas, o homem sabia muitas. Sua mãe o ensinou o latim, o alemão e o francês. Na escola e na faculdade ele aprendeu grego, inglês antigo, anglo-saxão, as línguas latinas - italiano e espanhol, além do gótico, o  galês moderno e medieval, o nórdico e por conta própria, o finlandês (que é uma língua moderna). Há registros também de que tivesse conhecimento sobre russo, sérvio, sueco, dinamarquês e holandês. Ufa! Sim, ele tinha a formação de filologia, o estudo das línguas, então conhecer muitos idiomas era algo que não surpreende tanto.

Foi professor de Oxford durante muitos anos, ensinando Inglês e Literatura.  Tolkien nunca abandonou o ofício acadêmico sendo um dos principais responsáveis por traduções antigas para o inglês moderno, dentre elas 'Sir Gawain e o Cavaleiro Verde' – do círculo de lendas arturianas e 'Beowulf'. O fato de ter virado um literato de relativo sucesso, escrever aventuras de fantasia para publicações era algo que ele fazia nas horas vagas.

Por falar em seus livros, Tolkien não gostava da produção de conteúdo em massa e era meticuloso com a escrita. Revisava diversas vezes todo volume que iria ser publicado o que acabava fazendo com que se ultrapassasse os prazos editoriais.

O sucesso de seus livros foi uma surpresa e ele negou, por muito tempo, as adaptações das obras. Para ele, as pessoas não compreendiam o subtexto de suas histórias de fantasia... Ele teria ficado horrorizado com as adaptações cinematográficas de Peter Jackson (parte de seus descendentes era particularmente a produção dos filmes) – que condensaram bastante a história de seus livros. Imaginem ele encontrando um fã fazendo "cosplay" do Frodo!!... Teria infartado o Professor Tolkien!

Parece um cara ranzinza? Nada disso! Muitos contam que ele era bem divertido. Uma vez ele se vestiu de guerreiro viking para uma festa e perseguiu um vizinho pelos jardins, nestes trajes e com uma espada em punho, rsrsrs... Foi brincadeira, é claro, nada violento.

Noutra ocasião, em uma loja,  ofereceu a própria dentadura à atendente como forma de pagamento pela compra que havia feito. Imaginem a reação dessa moça?!

Tolkien odiava carros. Na verdade, ele não gostava de tecnologia e nada que não fosse natural, como televisão e indústrias (as tais poluidoras que ele era totalmente contra). Em 1932 ele comprou um carro. Foi obrigado a isso, mas não gostava nem um pouco de dirigi-lo. Ele saia às ruas de Oxford à toda velocidade e quando ultrapassava os outros veículos, gritava algo como “Avante!!”. É uma cena que, apesar de perigosa, devia ser divertida de presenciar. Logo que os filhos cresceram, ele se desfez do carro rapidamente já que não tinha mais utilidade.

George Sayer, amigo do escritor, lembrou-se de um episódio bastante incomum do Professor: ele o viu exorcizando um gravador com a oração do Pai Nosso em gótico, logo antes de gravar trechos dos livros 'O Hobbit' e 'O Senhor dos Anéis', tamanho era o seu desconforto com essas coisas eletrônicas. Um detalhe: Para Tolkien, o gótico deveria ter sido uma das línguas litúrgicas do Ocidente – algo que provavelmente, muito católico conservador acharia (e acha) uma enorme heresia.

Tolkien faleceu em 1973, depois de se sentir mal em uma festa, no dia 28 de agosto. Foi internado no dia seguinte, por conta de uma úlcera e hemorragia. Depois de descobrirem que tinha uma infecção no peito, ele faleceu no domingo do dia 2 de setembro, aos 81 anos de idade.

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