segunda-feira, 29 de junho de 2020

A vida misteriosa de William Shakespeare: ser ou não ser, eis a questão!

Há mais de quatro séculos nascia um dos maiores escritores e revolucionários da história da dramaturgia e da literatura: William Shakespeare.
Mesmo que Shakespeare tenha sido inovador e influente na escrita e no teatro, sua existência é recheada de mistérios. 

➤ Começamos com seu nascimento. William nasceu e morreu em Stratford-upon-Avon, cidade ao sul de Birmingham. Ao que tudo indica, teria vindo ao mundo no dia 23 de abril de 1564 e faleceu também no dia 23 de abril, mas do ano 1616. A data de seu nascimento ainda é motivo de discussão: não há um registro formal do dia exato que Shakespeare teria nascido. Tudo o que existe sobre o assunto é um registro do batismo do escritor, que ocorreu em 26 de abril de 1564. Na época era comum que as crianças fossem batizadas três dias depois de nascerem, por isso, o dia 23 é o mais aceito entre os estudiosos. 

➤ O pai de Willian, John Shakespeare era fabricante de luvas - ou fazendeiro, de acordo com outras referências - e fazia vários "bicos", trocando coisas, vendendo bens de couro, madeira, malte e milho. Em 1556, ele foi selecionado para ser um “provador de Ale” oficial, o que significa que ele era responsável por inspecionar pães e licores de malte. Outras fontes contam que ele também era "provador de cerveja" e inspecionava as medidas irregulares de álcool e água nas bebidas. John também teria participado de algumas atividades ilegais, como vendas de lã sem licença e emprestado dinheiro a juros. 
Sua mãe, Mary Arden era filha de um fazendeiro aristocrata que, por acaso, havia sido o patrão de seu pai.
William Shakespeare fazia parte da família com mais sete irmãos.

➤ Há documentos de assinaturas do autor tais como: ‘Shappere’, ‘Shakespe’, ‘Shaxberd, entre outras – são mais de 80 maneiras diferentes de escrever o próprio sobrenome -, mas curiosamente não há nenhum registro da grafia "William Shakespeare" como usamos hoje em dia. Ele usava abreviações e variações como ‘Willm Shakp, ‘Willm Shakspere’ e a que se aproxima mais: 'William Shakspeare'. Talvez estejamos escrevendo o nome do autor de forma equivocada e nem sabemos, já pensaram nisso? 
Seja como for a grafia, acredita-se que o sobrenome Shakespeare venha das palavras antigas do inglês ‘schakken (brandir) e ‘speer’ (lança), e provavelmente se referia a uma pessoa argumentativa e confrontadora. Será que isso não tenha a ver com uma criação de "alter ego" ou ainda, um pseudônimo?

➤ Em novembro de 1582, o rapaz William, com 18 anos, casa-se com Anne Hathaway (sim! Esse é o mesmo nome da atriz americana que fez filmes como 'O Diário da Princesa' e 'O Diabo Veste Prada'!). A Anne de Shakespeare era filha de um fazendeiro e 8 anos mais velha do que ele. Hum, gostava de uma mulher madura, hei safadinho?! A notícia do casamento dos dois só se deu já na igreja, evidência de que a união havia sido arranjada pela situação "chocante" de Anne. Que situação era essa? Anne estava grávida! Olha só!!!!
Pouco se sabe sobre a relação de William e Anne, além do fato de eles terem vivido separados e que, em seu testamento, ele deixou para ela apenas a sua segunda (UAU!) melhor cama. Que falta de consideração, hein, homem!

➤ Seis meses depois do casamento, Shakespeare deu as boas vindas a uma filha, Susanna (que teve uma filha, Elisabeth), e os gêmeos Hamlet (que morreu ainda jovem) e Judith (cujos filhos morreram antes de se casarem) vieram em fevereiro de 1585. 
Mesmo com três filhos, a descendência do autor termina com a morte de sua neta Elisabeth, em 1670.

➤ Apesar de ser comprometido, há indícios de que o escritor se envolveu com outras mulheres e até (pasmem!) homens enquanto vivia sua rotina de dramaturgo. Mas que volúpia, hã?!?

➤ Um aspecto que é sempre questionado sobre o autor é a sua educação. Para muita gente, é pouco provável que um homem que não frequentou uma faculdade tenha sido "um gênio literário". Sabe-se que Shakespeare foi aluno de escola em Stratford, onde ele aprendeu a ler e escrever, também o latim, algo muito diferente da realidade vivida pelos seus pais. Eles, provavelmente, nunca aprenderam a ler ou escrever já que era comum para pessoas de sua classe social durante a era elisabetana não tivessem educação formal. Sua esposa e seus dois filhos (que viveram até a vida adulta, Susanna e Judith), também eram analfabetos, apenas Susanna sabia assinar seu nome.

➤ Em 1592, Shakespeare vai para Londres, e começa a trabalhar como dramaturgo e produzindo suas primeiras peças. Mas e antes disso? 
No intervalo de 1585 a 1592, na vida de Shakespeare, possui lacunas. 
Foi em 1585 quando foram registrados os batismos de seus gêmeos e em 1592 quando Robert Greene o denunciou em um panfleto como um “oportunista”. O insulto sugere que ele já tinha feito um nome no cenário londrino.
Não se sabe por que ou quando Shakespeare se mudou para Londres, ou quais profissões ele exerceu durante estes sete anos "perdidos". 
Alguns pesquisadores defendem que ele teria se mudado para Londres para fugir da punição de um senhorio (um político local) de Stratford-upon-Avon, por ter caçado veados em sua propriedade. Outros afirmam que o escritor havia trabalhado como professor, o que justificaria seu domínio da língua inglesa ou ainda que teria estudado direito, e viajado pela Europa continental. Há ainda outra teoria de que Shakespeare simplesmente teria se juntado a uma trupe de atores que ia de Stratford-upon-Avon para Londres. Nenhuma delas podem ser comprovadas pela falta de documentos ou registros. 

➤ Nossa noção sobre a estética e a aparência de Shakespeare (foto ao lado) vem da série de retratos do século XVII que podem ou não ter sido pintados enquanto ele estava sentado atrás da tela. Em uma das pinturas mais famosas, ele tem uma barba cheia, uma careca com cabelos atrás, gola da camisa frouxa e uma brilhante argolinha dourada na orelha esquerda. Mesmo no tempo de Shakespeare, homens com brincos eram sinônimo de um estilo de vida boêmio, como evidenciado em outros retratos de artistas elisabetanos.  A moda pode ter sido inspirada pelos marinheiros, que usavam um único brinco de ouro para cobrir os custos do enterro no caso de morrerem ao mar.
➤ Segundo um estudo feito na África do Sul, Shakespeare provavelmente fumava enquanto escrevia suas obras. Após encontrarem 24 cachimbos com mais de 400 anos no que teria sido o jardim do escritor, análises de cromatografia gasosa e espectrometria de massa revelaram resquícios de maconha em oito deles, folhas de coca em dois e nicotina em um. Os pesquisadores acreditam que Shakespeare usava essas substâncias pelas propriedades de estimulação mental que elas possuem em suas composições. Shakespeare curtia uma erva? Isso explica algumas coisas, rsrsrsrs...

➤ Em toda a sua obra, Shakespeare usou 28.829 palavras diferentes. O ‘Oxford English Dicitionary’, atribuiu a Shakespeare mais ou menos 3000 palavras inglesas que são usadas atualmente. Acredita-se que ele influenciou a língua inglesa mais do que qualquer outro escritor na história, popularizando termos e frases que eram usados nas conversas do dia a dia. Não só divulgou como também teria inventado várias palavras, como “addiction” (“vício”), escrita pela primeira vez em 'Otelo, o Mouro de Veneza'; “obscene” (“obsceno”), presente em 'Trabalhos de Amores Conquistados' ou “lonely” (“solitário”), em 'Coriolano'. As expressões “Knock knock! Who's there?” (“Toc toc! Quem bate?”) e “Break the ice” (“Quebrar o gelo”) também foram invenções do escritor, e apareceram pela primeira vez em 'Macbeth' e 'A Megera Domada', respectivamente.
Ele também leva o crédito por ter inventado nomes próprios como Olivia, Miranda, Jessica e Cordelia, que se tornaram populares com o passar do tempo (assim como outros, como Nerissa e Titania, que não ficaram tão populares assim... Porque será? rsrsrsrs...). 

➤ Os trabalhos de Shakespeare contêm mais de 600 referências a vários tipos de pássaros, de cisnes e pombas a pardais e perus. O estorninho – um pássaro lustroso e cantante com o dom de mimicar, nativo da Europa e da Ásia – faz apenas uma aparição, em “Henry IV, parte 1”. Este parece ser um indício de que ele curtia a observação de "penosos"!

➤ Aos seus 24 anos ele teria escrito cerca de 37 peças e 154 sonetos, uma verdadeira máquina de escrever humana. As peças de Shakespeare, geralmente, são encurtadas para serem apresentadas no teatro ou no cinema, pois, para se ter uma ideia, Hamlet, sua peça mais longa, demora cerca de quatro horas, no mínimo, para ser apresentada por completo. Haja fôlego para tanta declamação!

➤ Shakespeare não se limitava apenas em escrever seus sonetos e obras, ele também as representava no palco. Na peça Hamlet, ele atuou como o Fantasma, um de seus papéis mais importantes no compêndio bibliográfico.

➤ Apesar de suas peças e obras serem conhecidas mundialmente, o autor provavelmente não saiu do lugar onde morava. Em uma de suas peças, ele faz referência ao mar da Boêmia, quando, na verdade, em Boêmia não há nenhum mar em sua proximidade. Hoje, Boêmia é conhecida como República Tcheca.

➤ Antes de finalizar, vamos à grande polêmica: a partir das lacunas na vida do escritor e das coincidências com a trajetória de outros dramaturgos da época, várias teorias da conspiração surgiram e colocaram a identidade do escritor à prova.
Como um homem comum e provincial que nunca fez faculdade ou se aventurou para além da região se tornou um dos mais prolíficos e eloquentes escritores da história? Mesmo no início de sua carreira, Shakespeare escrevia contos que dispunham de grande profundidade e conhecimento sobre questões internacionais, capitais europeias e história, assim como tinham familiaridade com a corte real e a "high society" da época. Por esta razão, alguns teóricos já sugeriram que um ou mais autores que desejavam esconder suas identidades tenham usado a pessoa de William Shakespeare como disfarce. Alguns destes autores poderiam ser: Edward De Vere, Francis Bacon, Christopher Marlowe e Mary Sidney Herbert. As maiorias dos historiadores de literatura permanecem céticos quanto a esta hipótese, ainda que muitos suspeitem que Shakespeare chegou a ter outros escritores como colaboradores, Marlowe entre eles. 
No entanto, recentemente a pesquisadora Heather Wolfe, encontrou provas de que o cavalheiro de Stratford-upon-Avon e o dramaturgo revolucionário são, de fato, a mesma pessoa.

➤ Shakespeare morreu em 23 de abril de 1616, com 52 anos – nada mal para uma era na qual a expectativa de vida não passava dos 30 ou 40 anos! Nós podemos nunca saber o que o matou, apesar de um conhecido dele ter escrito que ele ficou doente após uma noite de bebedeira com o amigo Ben Jonson. 
Apesar de tudo, Shakespeare supostamente tinha meios para escrever o epitáfio de sua tumba, que fica localizada em uma igreja em Stratford. Com a intenção de afastar os numerosos ladrões de sepulturas que infestavam os cemitérios ingleses na época, os versos diziam:

 “Querido amigo, pelo amor de Jesus reprima-se / de cavar a poeira aqui encerrada. Abençoado seja o homem que poupar estas pedras, / E amaldiçoado seja aquele que mexer meus ossos”. 

O truque deve ter dado certo, já que os restos mortais de Shakespeare não foram, até hoje, perturbados. Porém, entre os arqueólogos, circula a teoria de que o crânio de Shakespeare teria sido roubado no século 18. Segundo religiosos da catedral, não há planos de violar o túmulo para descobrir se isso é verdade.
Então tá! ;) 

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sexta-feira, 26 de junho de 2020

O nariz empinado de Tycho Brahe!

O dinamarquês, descente de uma família nobre, Tycho Brahe (foto abaixo), do século 16, foi um astrônomo observacional ainda da era que precedeu a invenção do telescópio; suas observações da posição das estrelas e dos planetas alcançaram uma precisão sem comparação para a época.
Tycho trabalhou com Johannes Kepler (já mencionamos algumas curiosidades dele, veja aqui) e esteve à serviço de Frederico II da Dinamarca e mais tarde, do Imperador Rodolfo II da Germânia.

Além disso, também foi um nobre conhecido por sua excêntrica vida e morte.
Iniciamos com uma história dramática, de antes do nascimento de Tycho, em 1546. Seu tio, Jorgen Brahe, membro da nobreza e sem filhos, pediu ao seu irmão que deixasse adotar seu sobrinho assim que ele nascesse. O pai de Tycho aceitou, mas acabou se arrependendo depois. Como resultado, o futuro astrônomo foi raptado, ainda bebê, pelo próprio tio.

Em 1556, quando era estudante, Tycho Brahe, de natureza briguenta, duelou com um nobre dinamarquês, Manderup Parsberg e acabou perdendo parte do nariz! Pelo resto de sua vida, ele passou a usar uma prótese que teria sido de ouro e prata. Mas, em 1901, sua tumba foi aberta e observou-se que o osso no crânio, na região do nariz, tinha cor esverdeada, sinal de exposição ao cobre. Alguns historiadores especularam que ele teria várias próteses para diferentes ocasiões, notando que uma de cobre poderia ser mais leve e confortável que uma de metais preciosos e que poderia ser usado cotidianamente.
A foto acima, com um nariz perfeitinho, é a amostra do photoshop da época, rsrsrs...

Além disso, ele era um bom festeiro e adorava farrear com os amigos. Tycho teve sua própria ilha para eventos homéricos e também convidava, frequentemente, seus colegas para aventuras em seu castelo.
Nas festas, ele gostava de mostrar um alce de estimação e um anão chamado “Jepp”, que ele mantinha como um “bobo da corte” e sentado debaixo da mesa, onde Brahe ocasionalmente lhe dava restos de comida. Que coisa, não?

Com o tempo, Tycho ganhou notoriedade com suas descobertas e passou a ser encarado como um discutível e misterioso sábio, graças ao seu temperamento dominador e turbulento. 
Porém, quando casou-se, abandonou a alquimia (outra prática que exercia) e as polêmicas; vendeu as propriedades que possuía e dedicou-se com seriedade quase exclusiva aos estudos astronômicos. Não que perdesse as características de uma personalidade difícil (dizem que discutia com seus ajudantes e com os burocratas, o tempo todo), mas já não permitia que isso o atrapalhasse ou interferisse no trabalho.

Ainda assim, por centenas de anos, a crença geral foi que a paixão por festas teria sido uma das causas de sua morte. Acreditam que, durante um banquete em Praga, Brahe recusou-se a deixar a mesa, quando precisava fazer o famigerado número um - o xixi - por que considerava uma violação da etiqueta.
Creem que sua bexiga não aguentou e explodiu (o povo fala! Fala mesmo!), mas é bem provável que ele tenha sofrido de uma infecção renal. Neste momento moribundo, ele teria pedido para escreverem em seu epitáfio a seguinte frase: “Viveu como um sábio, morreu como um tolo”.  Seria verdade ou mais uma lenda?

Bom... Sabe-se que ele morreu 11 dias depois do tal banquete, em 1601, aos 54 anos.
Análises posteriores sugeririam que Tycho morreu em virtude de envenenamento com mercúrio. Níveis do tóxico elemento foram encontrados desde a raiz até as pontas de seus cabelos.  
Contudo, as concentrações de mercúrio encontradas mostram que não seriam suficientes para provocar o envenenamento. Ele poderia ter ingerido medicamentos que continham impurezas não-intencionais de cloreto de mercúrio, já que ele era um alquimista e assim sendo, familiarizado com a toxidade dos diferentes compostos de mercúrio. 
As causas de sua morte são, portanto, inconclusivas. 

Por fim, antes de falecer, Tycho Brahe forneceu todos os dados de suas observações para Kepler e pediu à ele que as publicasse seu último trabalho, as ‘Tabelas Rudolfinas’, dedicadas ao Imperador. Consta, também, que teria dito a Kepler:

Ne frusta vixisse videar!
(Não me deixe parecer ter vivido em vão!)


E não foi!

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quarta-feira, 24 de junho de 2020

Essa era a (venenosa) Cleópatra!

Cleópatra VII Filopátor foi a última governante do Reino Ptolemaico do Egito (51 a.C. a 30 a.C.).
Sua imagem como devassa, que levava seus amantes à perdição, é uma invenção dos romanos. Com a morte da rainha, eles fizeram o possível para manchá-la. 
Em geral, sua reputação foi moldada no decorrer dos tempos, modificadas e interpretadas de acordo com as múltiplas fontes. 
Por isso, listaremos 6 curiosidades da "Cléo" que (talvez) não sejam tão populares!

1) A briga de poder, planos de assassinatos e casamentos entre familiares eram comuns na tradição Ptolomaica - não foi diferente para o caso de Cleópatra e seus irmãos. Seu primeiro marido, Ptolomeu XIII - era, também, seu irmão mais novo - expulsou-a do Egito depois que ela tentou tomar posse do trono. Ela retornou um tempo depois, graças a ajuda do famoso Júlio César e em uma guerra civil, derrotou Ptolomeu, que morreu afogado no rio Nilo. 
Após essa guerra, Cléo decidiu se casar novamente, com seu outro irmão, Ptolomeu XIV. Acredita-se que ela tenha o assassinado em uma tentativa de tornar seu filho, co-governante. Ainda, em 41 a.C. ela projetou a execução de sua irmã, Arsínoe, que ela considerava uma rival ao trono.

2) Ao contrário do que muita gente pensa, Cleópatra não era totalmente egípcia, mas sim, era de origem grega!

3) Ela era uma rainha bem a frente do seu tempo! Também não era só um rostinho bonito (foto) – até por que não era mesmo!!! (risos) A imagem hollywoodiana não condiz muito com o que possivelmente foi a sua aparência real. 
Sua melhor arma de sedução, para influenciar a política, era sua simpatia e inteligência. Ela tinha, como se diz, o “conhecimento de como se fazer agradável a todos”.
Cleópatra foi educada em Alexandria, um dos maiores centros intelectuais da Antiguidade, e por isso, era capaz de recitar de cor partes da Ilíada e da Odisseia, de Homero. 

Aos 13 -14 anos, formou-se no estudo de retórica e aprendeu a organizar seus pensamentos com precisão e a expressá-los com elegância - sabia exatamente quando respirar, fazer pausas, gesticular, subir ou abaixar a voz. 
Estima-se que ela podia ler e falar, fluentemente, entre 10 e 12 línguas e compreendia matemática, filosofia, oratória e astronomia.  Ela também guardava grande respeito pelos eruditos de sua época e gostava de estar em sua companhia. 
O historiador Plutarco, apesar de odiá-la, dizia que Cleópatra tinha um ‘encanto irresistível, o qual nascia de sua conversa’.

4) Cléo era uma rainha vaidosa e isso não parece ser surpreendente! Sempre usava maquiagem, gostava de massagens com diversos tipos de óleos e costumava banhar-se com leite de... jumenta! Como muitos egípcios (que eram limpinhos) depilava o corpo e raspava a cabeça para evitar os piolhos. Para esconder a calvície, usava perucas.

5) Supostamente... Cleópatra teria inventado o primeiro vibrador. É... Ela produziu o tal objeto enchendo uma cabaça com várias abelhas. Bem "pra frentex"... Mesmo!!! 

6) A lenda de como Cléo morreu percorreu por séculos: ela teria sido envenenada ao permitir que uma serpente lhe picasse. 
Essa versão foi amplamente contestada. O próprio Plutarco (citado acima), por exemplo, afirmou que a rainha mantinha escondido em suas vestes um veneno muito potente. Outros historiadores apostam na possibilidade de que Cleópatra possa ter usado um alfinete, mergulhado no veneno de cobra, para se envenenar, ao espetar seu corpo com ele.
Recentemente, historiadores alemães afirmam que sua morte, provavelmente, ocorreu poucas horas depois de ingerir um coquetel de venenos, que incluía ópio, acônito (uma das plantas mais venenosas da flora terrestre) e cicuta (a mesma que matou o filósofo Sócrates).
Venenoooosa!

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segunda-feira, 22 de junho de 2020

A vida injustiçada de Johannes Kepler

Johannes Kepler foi um astrônomo, astrólogo e matemático alemão. Responsável pela elaboração das “Leis do Movimento Planetário” - as "Leis de Kepler". Aperfeiçoou as ideias de Galileu Galilei e deixou importantes trabalhos que influenciaram nas futuras descobertas de Isaac Newton.
Talvez não saibam, mas...

➤ Com 4 anos de idade, Kepler contraiu varíola. A doença o deixou com uma deficiência visual e com as mãos "aleijadas". Sua saúde, então, se tornou bem frágil.

➤ Seu pai abandonou a família quando Kepler tinha apenas 5 anos de idade. 

➤ Apesar dos problemas, Kepler foi um bom estudante, desde os primeiros anos.. Depois de concluir a escola primária e a escola de latim, ingressou no seminário com o objetivo de estudar Teologia e seguir a carreira religiosa. Graças a sua inteligência, em 1589 recebeu uma bolsa de estudo para estudar astronomia na Universidade de Tübingen. Kepler graduou-se em 1591, e sua paixão pela Ciência e pela matemática o fez desistir de se tornar ministro da Igreja.

➤ Com 23 anos aceitou o convite para lecionar Astronomia na Universidade de Graz, na Áustria.

➤ Kepler (foto ao lado) negava acreditar na Astrologia. Ele viveu numa época em que não havia nenhuma distinção clara entre astronomia e astrologia, sendo que hoje sabemos que a primeira trata-se se ciência e a segunda, "misticismo"...

➤ Johannes Kepler se reuniu ao astrônomo dinamarquês, Tycho Brahe, matemático oficial do Sacro Império Romano-Germânico (falaremos mais sobre ele na postagem de sexta-feira, dia 26/06), que se encontrava exilado em Praga. A convivência entre eles não foi das mais fáceis, mas o contato com o dinamarquês deu a Kepler novos conhecimentos astronômicos. Dois dias depois da morte de Tycho, em 1601, Johannes tornou-se astrônomo real, tomou posse dos importantes dados obtidos por Brahe (que se negava passar alguns para Kepler), continuou com suas observações e sob sua orientação foram cuidadosamente estudas mais de 228 estrelas!
Dedicação sim! Procrastinação, não! 

➤ Por ser um visionário em sua época, Kepler foi perseguido pela Igreja Católica durante a Contra-Reforma - a resposta da Igreja em relação ao movimento da Reforma Protestante.

➤ Kepler não era ‘chegado’ à banho (convenhamos, isso era absolutamente normal para a época!). Dizem que ele tomou um banho em sua vida toda, apenas por insistência de sua esposa. Alguns dias após, ficou doente e "acamado". Ele atribuiu sua doença ao banho.
Ah, moço...!

➤ A vida de Kepler foi uma série de infortúnios! Foi casado com Bárbara Müler que, mesmo com pouca idade (23 anos), já era viúva... Duas vezes! Bárbara era uma mulher caprichosa, sofria de epilepsia e mais tarde, enlouqueceu. Juntos, tiveram 3 filhos. Bárbara morreu após contrair "febre maculosa húngara". Os seus três filhos morreram após contraírem varíola, entre os anos de 1611 e 1612.

➤ Em 1613, Kepler casou-se, pela segunda vez, com Susanna Reuttinger. De acordo com biógrafos, ele foi muito feliz nesse casamento, com muitos filhos. Porém, ele enfrentou problemas financeiros e sofreu com a morte de dois filhos.

➤ Em 1611, foi obrigado a pedir ao Duque da Baviera perdão para a mãe, que era curandeira e herbolária, condenada a morrer queimada sob a acusação de práticas de feitiçaria. Ainda que fosse o começo da era moderna, ter conhecimento sobre plantas e ervas levantava suspeitas de bruxaria. 

➤ O Imperador Romano-Germânico, Fernando, o qual Kepler prestava seus serviços como astrônomo, tinha lhe estipulado uma pensão. Entretanto, Kepler raramente a recebia! Ele chegou a passar fome, mas persistia nos seus estudos. Morreu durante uma das frequentes jornadas que fazia para receber seus ordenados atrasados.

➤ Assim, em seus últimos anos, Kepler passou grande parte de seu tempo viajando, da corte imperial em Praga até Linz e Ulm para uma moradia temporária em Sagan, e finalmente para Regensburg. Pouco depois e chegar em Regensburg, Kepler adoeceu e faleceu em 15 de novembro de 1630. Foi enterrado lá, mas o local foi perdido depois que o exército sueco destruiu a igreja. Apenas o epitáfio poético de autoria do próprio Kepler sobreviveu ao tempo:

Mensus eram coelos, nunc terrae metior umbras
Mens coelestis erat, corporis umbra iacet.
(Eu medi os céus, agora eu meço as sombras
Minha mente ao céu esteve presa, o corpo descansa na terra)

➤ Em 2009, a NASA nomeou uma sonda espacial - Kepler - pelas extraordinárias contribuições dele no campo da astronomia.

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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Os 9 'piores' Papas da história (Parte II)

As melhores curiosidades, histórias macabras e excentricidades de 9 Papas da postagem passada, chega à sua segunda parte.  A 1ª parte foi publicada segunda-feira (leia aqui).

Parte II

6) Papa Bonifácio VIII (o Bento Gaetani) (1294 – 1303) (foto abaixo) chegou ao papado de modo peculiar. Adivinham como ele conquistou o cargo? 

Diz as más línguas que ele teria assassinado seu predecessor, Celestino V. Hoje, o consenso entre os historiadores dão conta de que ele apenas mostrou os meios legais para que a abdicação fosse realizada já que Celestino desejava deixar o poder. 
Porém, após assumir o trono, Bonifácio ordenou o exílio de seu antecessor, demonstrando alguma rixa entre os dois Celestino V morreu dois anos depois, aos 81 anos.
Bonifácio declarou o poder absoluto como pontífice sobre todos os outros governantes.
Até agora normal para quem assume poderes, certo? Mas piora!
Bonifácio foi considerado ateu (mas de novo isso?), homossexual, julgado por heresia, estupro, sodomia e o de comer carne  vermelha durante a Quaresma.
Como alguém que queria ser Papa como imperador do mundo, não acreditava em Deus, a base do cargo para a instituição? Segundo o historiador britânico, John McCabe, ele teria afirmado diante dos bispos, arcebispos e um rei que, “Nunca existiu Jesus e a hóstia é só farinha e água. Maria não era mais virgem que minha própria mãe e não existe mais problema em adultério que em esfregar uma mão na outra”.
Apesar disso, as acusações de heresia são consideradas infundadas.
Tem mais? Sim, tem muito mais!!
Existe um episódio, na qual ele teria jogado cinzas nos olhos de um bispo que aguardava para receber a bênção na cabeça. Boni era cínico e travesso! Pois, a personalidade do papa é lembrada como explosiva e controversa. Há documentos que confirmam que o Papa sofria de um nervosismo doentio.
Com seu exército, saqueou e queimou a cidade de Colonna e Palestrina, em 1298, matando 6 mil pessoas. Apenas as catedrais foram poupadas.
Foi deposto militarmente pelos franceses. Foi levado para cativeiro, quando tinha 73 anos, e lá foi espancado e quase morto. Três dias depois, foi liberado, mas Bonifácio morreu em um mês após um estado febril, em 1303, causado muito provavelmente por alguma infecção. 
Foi enterrado em 3 caixões (não se sabe bem por que): o externo de madeira, o do meio de chumbo e, o interno, de pinho.
Acredita-se que ele tenha sido alvo de intrigas, pois havia confrontos entre ele e o Rei Filipe IV da França e que foi excomungado pelo próprio Bonifácio. 

7) O Papa João XXIII (Baldassare Cossa) (1410 – 1415) (foto abaixo), era corsário (em outras palavras: era um pirata) na juventude e só depois é que entrou para vida religiosa. 

João não foi considerado papa legítimo, ou seja, era um antipapa. 
Antipapa não é necessariamente sinal de doutrina contrária à fé ensinada pela Igreja, mas sim uma pessoa que reclama o título de Papa, ou em oposição a um Papa legitimamente eleito ou durante algum período em que o título estava vago.
Documentos citam que João XXIII teria conseguido o cargo com a força das armas. 
Vários historiadores atribuem sua ascensão ao trono pontifício por influência direta do rei Luís II (Duque de Anjou), afoito por controlar o poder papal.
Na ocasião, havia outro antipapa em atividade, Alexandre V e quando faleceu, abriu-se o processo de escolha para ser o sucessor.
Vale destacar que o antipapa era reconhecido apenas pela França, Inglaterra, parte da Itália e da Alemanha e ele pertenceu ao grande cisma – período do aparecimento de três papas (o de Roma, os de Avinhão e o de Pisa) em que cada um representava determinados países e visões políticas diferentes.
Assim, o Papa João XXIII foi acusado (injustamente ou não) de pirataria, assassinato, sodomia, estupro e incesto. Essas acusações eram meio que moda através do séculos...!
Foi deposto e aprisionado em 1415, recuperando a liberdade apenas em 1418, quando voltou a viver dignamente como cardeal, com seu nome de batismo, Baldessare Cossa. Faleceu em 1419 e foi sepultado em Florença.
Aparentemente, João foi um papa tranquilo, em comparação com seus companheiros dessa lista, não é mesmo? Não poderemos dizer a mesma coisa do próximo Papa que vamos contar aqui, hoje.

8) Papa Alexandre VI (Rodrigo de Bórgia) (1492 – 1503) (foto abaixo) era membro da famosa família dos Bórgias. Conhecem? Aposto que sim! A vida dessa família inspirou duas séries de TV ‘Os Bórgias’ e ‘Bórgias’ (ambas de 2011).

Alexandre cometeu o primeiro homicídio ... Aos 12 anos! Já sabe que vem coisa ‘boa’ pela frente, não é?
A influência da família Bórgia cresceu a partir do tio de Alexandre, Alonso Bórgia, que era cardeal (1444) e anos depois foi eleito Papa da Igreja (tornou-se Calisto III). Com isso, Calisto fez o possível para aumentar a influência da família e proporcionou riquezas.
Então, Alexandre VI comprou o título, subornando os cardeais. Para ele foi um investimento, pois, por todo seu papado, desviou dinheiro para a família, vendeu posições eclesiásticas (chamado de simonia) e mandou matar “hereges” para confiscar suas propriedades.
O Papa Alexandre é considerado até hoje como um dos papas mais corruptos da história da Igreja Católica. Usou da sua autoridade para perpetuar o poder da família Bórgia por meio de nepotismo e não foi só isso!
Alexandre nutriu uma vida de lascívia, manteve várias amantes (da nobreza até as prostitutas), incluindo Giulia Farnese (conhecida com a Giulia, a Bela). Ao longo da vida, possuiu inúmeros filhos bastardos. E teve 4 filhos ilegítimos com a antiga amante, Vannozza dei Cattani, que era casada, na época.
Os 11 anos do papado de Alexandre VI foram marcados por conflitos contra as autoridades da época, pelas manobras políticas com as lideranças, corrupção e polêmicas envolvendo assassinatos de adversários por envenenamento.
O padre dominicano Girolamo Savonarola contestava o poder do papa e denunciava pela cidade de Florença, que a eleição papal havia sido comprada. O quê aconteceu? O óbvio: Savonarola foi morto em 1498!
Além disso, Alexandre VI nomeou seu filho, César, como cardeal, em 1493. Inclusive César, não era ‘flor que se cheirasse’!! Era temido por todos por causa de sua violência e especula-se, também, que César matou seu irmão, Giovanni, em 1497.
Os outros filhos, João e Godofredo, tiveram casamentos arranjados com moças das famílias reais da Espanha e Nápoles.
Uma das filhas de Alexandre não deixou de ser favorecida politicamente, conquistando riquezas ao se casar 3 vezes com homens nobres. Que família exemplar! #sqn (risos)
Seus caminhos hedonistas (teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma que o prazer é o bem supremo da vida humana) eram tão descarados que, mesmo com o crime e a violência tomando as ruas de Roma, o papa ocupou-se com comédias, banquetes ‘generosos’ e bailes. Todos pagos por quem? Através dos fundos da Igreja!!

Na imaginação popular, ainda hoje os “Bórgias” são sinônimo de libertinagem, visto que surgiram boatos de que o Papa organizava orgias.  A lenda mais infame é que teria cometido incesto com a própria filha.
Mas, ele não foi de todo, malévolo. Alexandre foi um grande patrono das artes e aceitou os judeus expulsos da Espanha, em Roma, no ano de 1492. 
O ‘infeliz’ morreu em 1503, após passar uma semana doente, com febre constante e vômitos esporádicos. Especulou-se que sua morte foi por envenenamento ao tomar uma taça de vinho, porém atualmente, levanta-se a hipótese de que Alexandre pode ter contraído malária. Sua morte resultou na queda da família, uma fez que, ao longo de 11 anos de papado, os Bórgias haviam acumulado inimigos por toda a Itália.

9) Por fim, o último e não menos impactante: o Papa Leão X (Giovani de Médici) (1513 – 1521) (foto abaixo).

Da família Médici, foi criado desde criança para a carreira religiosa, e não parece ter passado por nenhum tipo de escândalo sexual... Porém... 
Vários historiadores têm sugerido que Leão era homossexual. Essa suposição é sustentada por cartas de Francesco Guicciardini, alegando que o Conde Ludovico Rangone e Galeotto Malatesta seriam seus amantes. Outros ‘fofoqueiros’ da época (o que mais tinha, convenhamos) defenderam que Leão seria apaixonado pelo nobre veneziano chamado Marcantonio Flaminio.
Contemporâneos de Leão afirmam que, por exemplo, Guicciardini não era residente na corte papal durante o pontificado de Leão e como era seu inimigo, decidiu difamá-lo. Alguns destes o defendem e confirmam a castidade de Leão.
Na inauguração de seu mandato, Leão mandou pintar um menino em ouro e fazê-lo desfilar por toda a Roma, anunciando uma nova “Era Dourada”. A criança morreu (intoxicada, talvez) mas... A festa continuou!
A ele se atribuía a frase: “Já que Deus nos deu o papado, vamos aproveitar!” e ele aproveitou mesmo! Realmente levou a sério a “era dourada” e ostentava como ninguém!
Leão foi tão corrupto que estimulou Martinho Lutero (aquele da Reforma Protestante, sabem?) a escrever as suas 95 teses, inspirado pelos métodos inescrupulosos da Igreja para arrecadar fundos baseados no medo das pessoas de não conseguirem um lugar no Paraíso na vida após a morte.
Vale ressaltar que, a princípio, Leão não se incomodou em defender a Igreja dos ataques. Mas em 1521, Leão formalmente excomungou Lutero e que estimulou Martinho a divulgar a sua "nova" doutrina cristã.
O líder religioso não só permitia, como cobrava as indulgências - colocava preços nos pecados - em troca de sua absolvição. Ainda ameaçava os fiéis afirmando que suas almas não seriam capazes de ‘entrarem no Céu’ se eles não pagassem pelos seus crimes, roubos, pecados etc. Mesmo cobrando essas absurdas taxas pelos pecados dos outros, o Papa arruinou os cofres da Igreja com seus gastos em arte e arquitetura.

Alguns historiadores chegaram a sustentar que o Papa seria ateu (de novo!), embora não haja qualquer prova que sustente essa hipótese. 
No entanto, tais frases e fatos atribuídos a Leão X, mostram a falta de seriedade relacionada a ele e a sua função enquanto Papa.
Mais uma vez, este, não era tão ruim... Ele foi a favor do abolição dos escravos, generoso em caridades (asilos, hospitais, peregrinos, aleijados, doentes, exilados etc.), restaurou universidades, concedeu  subsídios para novas contratações e aumento de salários aos professores, como forma de incentivo aos estudos.
‘Difamadores’ afirmam que ele morreu na cama, envolvido em ato sexual com uma jovem. Na verdade, Leão ficou doente de broncopneumonia e morreu repentinamente, em 1521.

Estudos mais recentes têm questionado a veracidade histórica das várias alegações e polêmicas dos papas. 
Há muitos fatos conflitantes e difamatórios sobre as personalidades e as realizações e tudo poderia não passar de alguns boatos.

Mas o que vale é a diversão das lendas e pedacinhos reais, citados nessa listinha!

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quarta-feira, 17 de junho de 2020

Carl Scheele, ‘O sem sorte’!

Pensem em uma pessoa dedicada aos estudos, mas que acabou sendo um baita de um ‘azarado’... 
Pois é um tipo destes que vamos contar sobre, hoje: o químico farmacêutico sueco-alemão Carl Wilhelm Scheele (foto abaixo).

Carl decidiu "praticar" química e aos 14 anos foi trabalhar com um farmacêutico. Ali teria uma grande variedade de produtos químicos à sua disposição e pode ficar horas e horas fazendo experimentos com todos... Assim começou seu ciclo de 'urucubaca'...
Um belo dia, ou melhor, certa noite, Carl fazia um teste com uma mistura particularmente volátil, que ocasionou uma explosão forte sacudindo todo o estabelecimento e derrubando parte do telhado. O empregador ficou furioso e, sem pestanejar, convidou Carl ‘a ir embora’.

Logo, ele encontrou outro mentor, Sr. C.M. Kjellström e a partir daí é que Carl iniciou seus primeiros contatos com o mundo acadêmico. 

Dois anos depois, em 1767, Scheele se mudou para Estocolmo e começou a trabalhar como farmacêutico.
Foi, então, a semente de uma carreira excepcionalmente infeliz. Ele fez muitas descobertas importantes, mas ou demorava anos para publicá-las, ou simplesmente não publicava todos os resultados ou publicava em periódicos científicos pouco divulgados. Nisso, não obteve nenhum reconhecimento e talvez seja essa a principal razão pelas quais seu nome é praticamente desconhecido.

No entanto, Carl estava muito à frente de seu tempo. Desvendou o processo de fabricação do fósforo, descobriu os elementos como oxigênio,  o nitrogênio, o bário,  o manganês e o tungstênio, dentre outros. Obteve resultados interessantes sem os avançados equipamentos de laboratório empregados por cientistas de renome - e  outro empecilho para ter seu prestígio alcançado pode ter sido, por vezes, não conclusão de seus estudos por falta de aparelhagens adequadas e disponíveis. E, muito do seu trabalho teve que ser ‘redescoberto’ por que não foi apreciado por seus contemporâneos de imediato.
O cara realmente era um "desprezado"...

Carl desvendou mais elementos e isolou mais compostos do que qualquer um de seus colegas, mas a única coisa que recebeu de crédito foi ter o seu nome em um veneno: Verde de Scheele. O composto, ao longo das décadas, matou inúmeras pessoas.
O Verde de Scheele é um pigmento verde-amarelado que era usado para tingir papéis de parede e cortinas de algodão e linho. Era usado, também na manufatura de alguns brinquedos. O pigmento é um composto do... arsênico! Nada se sabia sobre a toxidade do arsênico e o dito cujo estava presente em muitos produtos e até alimentos do cotidiano das pessoas levando milhares delas ao envenenamento gradual pelo seu consumo. 

Para piorar a ‘zica’, Carl - como a maioria de seus contemporâneos, - trabalhava sob condições difíceis. Ele tinha a mania de cheirar e provar qualquer nova substância em estudo e não pensava nas consequências graves que isso poderia acarretar. Na verdade, naquela época, ninguém se dava o trabalho de pensar nisso, afinal, como saberiam que tal substância é tóxica se não houvesse um "teste"? Infelizmente muitos cientistas foram as próprias cobaias de seus experimentos. Em nome da ciência, essa opção não era discutível. 
A exposição cumulativa ao arsênico, mercúrio, chumbo, ácido fluorídrico e outras substâncias desconhecidas (até a época dele) e perigosas, afetou sua saúde e ele desenvolveu graves problemas renais e uma doença de pele grave.

Carl Scheele morreu, aos 43 anos, em 21 de maio em 1786, em sua casa em Köping. Fontes afirmam sintomas referentes a envenenamento por mercúrio. 

Fraco e prevendo uma morte precoce, casou-se com a viúva (Sara Pohl) do antigo dono da farmácia que ele tinha comprado, dois dias antes de sua morte, para que ela ficasse com o título do estabelecimento e seus bens. #trágico

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segunda-feira, 15 de junho de 2020

Os 9 'piores' Papas da história (Parte I)

O Papa (pode ser também chamado de Santo Padre) é o Bispo de Roma e líder mundial da Igreja Católica Apostólica Romana. 
O Papado é umas das instituições mais antigas e duradouras do mundo e teve uma grande participação na história da humanidade, e os homens que ocuparam esse cargo na Antiguidade auxiliaram na propagação do cristianismo e resolverem diversas disputas doutrinárias. 
Na Idade Média, por séculos, eles desempenharam um papel importante na Europa, muitas vezes, servindo de mediadores entre os monarcas e evitando diversas guerras por poder e terras. 
Atualmente, além da expansão e doutrina da fé cristã, os Papas se dedicam ao diálogo inter-religioso, trabalhos de caridade e à defesa dos direitos humanos em todo o mundo.
A figura papal ainda é considerada pelos fieis ainda como o símbolo representante divino encarnado, mas ao mesmo tempo, mais um filho de Deus. 

(Sem entrar no mérito e discussão sobre crenças religiosas, selecionamos as melhores curiosidades, histórias "macabras" e excentricidades de 9 Papas. 
Para não ficar muito extenso, o tema foi dividido em 2 partes. )

Parte I

1) Começamos com o Papa Estêvão VI (896 – 897) (foto abaixo) – provavelmente um dos mais desequilibrados... 

Ele odiava seu predecessor, o Papa Formoso, por achar que tinha sido injustiçado por ele. Estêvão queria de todo jeito se vigar de Formoso, mas havia um problema! Fazia 9 meses que seu inimigo estava morto. 
Então ordenou que o corpo putrefato fosse exumado, vestido com as vestes sagradas papais e apoiado em um trono para ser julgado por seus crimes –  esse evento ficou conhecido como 'Sínodo do Cadáver'. Como o infeliz ia responder por ele? Bem, um diácono foi escolhido para falar em nome do falecido. 
Enfurecido, Estêvão, jorrou acusações no defunto, por achar que ele recebeu injustamente o título de Papa. Ainda, declarou que ele foi um "Papa vazio".
Sem dúvida alguma, Formoso perdeu o julgamento, sem direito a defesa, claro...!
Estêvão, então, cortou os 3 dedos - os que os Papas dão a bênção – para que todas elas fossem consideradas inválidas. Ainda ordenou que o corpo fosse despido de suas vestes e despejado em um cemitério para estrangeiros.
Logo após esse episódio, um terremoto atingiu Roma, destruindo a basílica papal. O cadáver foi desenterrado mais uma vez, e atirado em um rio, o Tibre. Algumas pessoas compassivas “pescaram” Formoso e deram a ele um enterro mais adequado.
No entanto, o julgamento macabro voltou a assombrar Estêvão, pois os danos do terremoto foram tomados como um sinal de Deus. Tumultos e multidões que apoiavam Papa Formoso prenderam Estêvão em um calabouço, onde mais tarde ele foi encontrado, morto, estrangulado.
Definidamente, uma das histórias mais macabras da lista... #Cruzes.

2) Para o Papa Sérgio III (904 – 911) (foto abaixo) a ‘loucura’ do Estevão teve de continuar...

... Só que, julgar cadáveres não era suficiente para o Papa Sérgio III. Mais decisivo: ele mandou executar os dois Papas antecessores, que já estavam mortos! 
Não satisfeito com o julgamento do Estêvão, ordenou que desenterrassem outra vez o Papa Formoso (o coitado não teve sossego!), anulou novamente todas suas decisões e providenciou um túmulo mais honrado para o Papa Estêvão.
E tem mais: o Papa Sérgio era um grande festeiro! Seu papado foi o início da “pornocracia”, o domínio das prostitutas com que os Papas se cercavam. Sérgio inclusive teve um filho com uma delas, que se tornaria, mais tarde, o Papa João XI.
U-A-U!

3) O Papa João XII (955 – 964) (foto abaixo)  era um garoto “quente”!

João XII alcançou o título de Papa aos 18 anos. Era considerado preguiçoso, infantil, ateu (como assim?!) e bissexual.
Num sínodo, em 963, ele recebeu diversas acusações, na quais, as mais severas partiram de seus críticos sacerdotes e a autoridades religiosas. Preparados para saber quais eram essas acusações? Então, vamos lá: disseram que ele invocava demônios (principalmente, durante o sexo), assassinava e mutilava vários homens, incendiava casas, e participava de jogos de azar. E... Havia castrado um cardeal e cegado um padre!
Também asseguraram que ele “transformou o palácio papal em um bordel”, cometendo adultério com muitas mulheres, além de duas viúvas, sua própria sobrinha, a namorada de seu pai e estuprado peregrinas. Meu rapaz...!
Depois disso, o próprio João convocou um sínodo para declarar a si mesmo inocente e mantou mutilar e matar seus acusadores. Que belo jeito de se declarar inocente, hã?!
Seu reinado como Papa terminou nos seus 20 e poucos anos, quando ele morreu de um derrame, enquanto estava supostamente na cama com uma mulher casada. Havia rumores de que na verdade ele teria sido morto pelo um marido ciumento da mulher com quem estava tendo relações sexuais.
Garotinho ‘quente’, né?


4) A história do Papa João XIII (João de Nardi) (965 – 972) (foto ao lado), é bem curta: conta-se que ele teria enforcado um prefeito com seu  próprio cabelo... 
As causas desse ato de fúria não foram reveladas, nem temos registros da ocorrência da insanidade. 


5) Papa Bento IX (Teofilato de Túsculo) (1033 -  1046) (foto abaixo/direita) é mais um que veio parar na nossa listinha... e com estilo!!
Bento IX ganhou poder e riqueza em uma idade precoce, aos 20 anos, como resultado de laços de sua família com a igreja. Ele herdou o título de Papa por ser sobrinho do papa João XIX. 
Rapidamente desenvolveu uma imagem de “cruel e imoral”, a tal ponto que outros religiosos não pouparam críticas severas à ele. 
O Papa Victor III por exemplo, escreveu que Bento IX cometia “estupros, assassinatos e outros atos indescritíveis. Sua vida como papa foi tão vil, tão má, tão execrável, que eu estremeço só de pensar nisso”. 
São Pedro Damião tinha coisas similares a dizer de Bento IX, na época, descrevendo-o como um “banquete de imoralidade” e “um demônio do inferno sob o disfarce de um padre” que organizava orgias patrocinadas pela igreja e participava regularmente de bestialidades.
Em seu último ato de corrupção como Papa, Bento IX decidiu que queria se casar, se não bastasse a bizarrice, era com a sua prima, e vendeu seu título de Papa para seu padrinho, o padre Giovanni Gratian, por 680 kg de ouro. É brincadeira?!?
Como o casamento não deu certo, ele voltou a Roma e reconquistou a cidade militarmente. Assim, foi acusado de assassinatos, estupros, sodomia, praticar de bestialismo, acreditar em bruxaria, promover selvagens orgias bissexuais... E e por fim, considerado um dos piores papas de seu tempo.

Acham que vai melhorar o ‘nível’ dos Papas? Vejam a próxima postagem  na sexta-feira, dia 19/06. Marquem na agenda!

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sexta-feira, 12 de junho de 2020

Guerra dos ossos: Marsh x Cope

Você acha que as discussões por religião, política e futebol são as que mais contêm "tretas"? Aí que você se engana, meu caro e minha cara!!! No meio científico há (e muitos) embates acirrados!
Esse caso real, chamado de “Guerra dos Ossos”, é um deles:

Durante a grande corrida na busca de fósseis de dinossauros em 1800 e início de 1900, dois cientistas levaram muito a sério! Eles usaram uma série de estratégias desonestas (e até violentas) para superarem um ao outro. 

De um lado, está o ‘lutador’ Othniel Charles Marsh (foto abaixo, esquerda), paleontólogo do Museu Peabody, da Universidade de Yale. Do outro lado, o ‘lutador’ Edward Drinker Cope (foto abaixo, direita), paleontólogo que trabalhava na Academia de Ciências Naturais da Filadélfia, Pensilvânia.
A princípio, tudo começou de forma amigável. Eles chegaram até nomear algumas espécies em homenagem mútua... A relação entre eles piorou com o tempo, devido, em partes, à natureza temperamental de ambos. 
Cope era conhecido por ser agressivo e tinha um gênio explosivo. Marsh era mais lento, metódico e introvertido. Mas os dois eram considerados briguentos e desconfiados.

 Aos poucos, começaram os “sutis” desprezos: Cope teria deixado a entender que Marsh não era exatamente um cavalheiro. Já Marsh considerou que Cope não era muito profissional.
Assim, os dois rapazes usaram suas riquezas e influências para financiar suas próprias expedições e obter serviços e ossos de dinossauros dos chamados caçadores de fósseis.

A ‘luta’ começou a esquentar e em uma viagem de “caça aos dinos”, Marsh subornou os guardas de um sítio arqueológico, simplesmente, para desviar qualquer descoberta importante do caminho do rival.
Em outra expedição, Marsh enviou espiões ao longo de uma das viagens de Cope. Depois de um tempo, Cope descobriu que dois homens de sua equipe de escavação eram, na verdade, funcionários "espiões" de Marsh e ficou furioso!! "The Treta Has Been Planted"!

E não para por aí! Corriam rumores de que eles partiram para as vias de fato: eles colocaram dinamites nas camas um do outro (nas tendas dos sítios arqueológicos), para atrasar as descobertas.
Cope enviou “ladrões de dinossauros” para as regiões de escavações, na tentativa de roubar tranquilamente fósseis na área de Marsh.
Há vários relatos de que, mesmo sendo protetores de sítios, destruíram ou danificaram fósseis para evitar que caíssem nas mãos do rival, ou  ainda preenchiam os fossos escavados com terra e rochas, para dificultar o trabalho. E sobrava para todo mundo: as equipes dos paleontólogos rivais se enfrentavam a pedradas, como numa guerra campal. Bizarro? Mas, ainda assim, engraçado de se imaginar. 

As competições não ficaram só em ‘campo’. Houve as hostilidades ‘abertas’, fazendo o possível para arruinar a credibilidade profissional um do outro. Não havia limite para esses senhores! Passaram, por anos e anos, fazendo humilhações mútuas publicamente: em artigos acadêmicos – apontando erros nas reconstruções dos fósseis - através de documentos, acusando reciprocamente de crimes financeiros e incompetência nos jornais. Cope, por exemplo, acusou Marsh de plágio e má gestão financeira e acusou os aliados (financiadores) por desvio de dinheiro público.
Dois homens barbados com picuinhas de quinta série... Quem diria...?!?

Bone Warrior - The Pennsylvania Gazette
As escavações paleontológicas duraram quinze anos (1877 a 1892), com ambos, juntamente com seus trabalhadores, sofrendo com o clima de sabotagens e obstáculos causados pela rivalidade.

A disputa pelo "Trono" na Guerra dos Ossos durou até a morte de Cope, em 1897, quando ambos já haviam esgotado os seus recursos na busca da supremacia paleontológica. 
Cope e Marsh estavam arruinados economicamente e socialmente. O primeiro sofria de uma debilitante doença nos seus últimos anos e teve que vender parte de sua coleção de fósseis e alugar uma de suas casas para suprir as despesas com tratamentos. 
Já Marsh teve que hipotecar sua casa e pedir um salário de subsistência para a Universidade de Yale.

Você acha que foram cuidar das suas vidas e pronto, acabaram com as provocações? De jeito nenhum! 
Cope lançou um último desafio antes de morrer: doou seu crânio à Universidade da Pensilvânia, para que pudessem medir seu cérebro, na esperança de que comprovassem que o órgão era maior que de seu adversário. Acreditava-se, no passado, que o tamanho do cérebro era proporcional em relação à inteligência.
Ainda que exista um relatório feito por um legista certificando a autenticidade do mesmo, a universidade alega que o crânio depositado no local é questionável e que o verdadeiro crânio se perdeu na década de 1970. 
E... De qualquer modo, Marsh nunca aceitou o desafio de ter o seu cérebro comparado com o de Cope! Portanto, se desgastaram em vão. 

No que diz respeito à ciência e pesquisa, os dois pesquisadores fizeram grandes contribuições para o campo da paleontologia.  
Os dois saíram ganhando, pelo menos, no que interessa. A disputa levou às descobertas e descrições de mais de 136 novas espécies de dinossauros. Dinossauros emblemáticos como os estegossauros, tricerátopos, diplódocos e apatossauros, vieram do trabalho destes dois orgulhosos. Ainda assim, forneceram material substancial para trabalhos futuros, já que os ‘brigões’ deixaram muitos exemplares de fósseis, em caixas fechadas, após suas mortes. 

Foi publicada uma considerável quantidade de livros históricos e adaptações de ficção sobre esse período de intensa disputa paleontológica.

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