segunda-feira, 29 de junho de 2020

A vida misteriosa de William Shakespeare: ser ou não ser, eis a questão!

Há mais de quatro séculos nascia um dos maiores escritores e revolucionários da história da dramaturgia e da literatura: William Shakespeare.
Mesmo que Shakespeare tenha sido inovador e influente na escrita e no teatro, sua existência é recheada de mistérios. 

➤ Começamos com seu nascimento. William nasceu e morreu em Stratford-upon-Avon, cidade ao sul de Birmingham. Ao que tudo indica, teria vindo ao mundo no dia 23 de abril de 1564 e faleceu também no dia 23 de abril, mas do ano 1616. A data de seu nascimento ainda é motivo de discussão: não há um registro formal do dia exato que Shakespeare teria nascido. Tudo o que existe sobre o assunto é um registro do batismo do escritor, que ocorreu em 26 de abril de 1564. Na época era comum que as crianças fossem batizadas três dias depois de nascerem, por isso, o dia 23 é o mais aceito entre os estudiosos. 

➤ O pai de Willian, John Shakespeare era fabricante de luvas - ou fazendeiro, de acordo com outras referências - e fazia vários "bicos", trocando coisas, vendendo bens de couro, madeira, malte e milho. Em 1556, ele foi selecionado para ser um “provador de Ale” oficial, o que significa que ele era responsável por inspecionar pães e licores de malte. Outras fontes contam que ele também era "provador de cerveja" e inspecionava as medidas irregulares de álcool e água nas bebidas. John também teria participado de algumas atividades ilegais, como vendas de lã sem licença e emprestado dinheiro a juros. 
Sua mãe, Mary Arden era filha de um fazendeiro aristocrata que, por acaso, havia sido o patrão de seu pai.
William Shakespeare fazia parte da família com mais sete irmãos.

➤ Há documentos de assinaturas do autor tais como: ‘Shappere’, ‘Shakespe’, ‘Shaxberd, entre outras – são mais de 80 maneiras diferentes de escrever o próprio sobrenome -, mas curiosamente não há nenhum registro da grafia "William Shakespeare" como usamos hoje em dia. Ele usava abreviações e variações como ‘Willm Shakp, ‘Willm Shakspere’ e a que se aproxima mais: 'William Shakspeare'. Talvez estejamos escrevendo o nome do autor de forma equivocada e nem sabemos, já pensaram nisso? 
Seja como for a grafia, acredita-se que o sobrenome Shakespeare venha das palavras antigas do inglês ‘schakken (brandir) e ‘speer’ (lança), e provavelmente se referia a uma pessoa argumentativa e confrontadora. Será que isso não tenha a ver com uma criação de "alter ego" ou ainda, um pseudônimo?

➤ Em novembro de 1582, o rapaz William, com 18 anos, casa-se com Anne Hathaway (sim! Esse é o mesmo nome da atriz americana que fez filmes como 'O Diário da Princesa' e 'O Diabo Veste Prada'!). A Anne de Shakespeare era filha de um fazendeiro e 8 anos mais velha do que ele. Hum, gostava de uma mulher madura, hei safadinho?! A notícia do casamento dos dois só se deu já na igreja, evidência de que a união havia sido arranjada pela situação "chocante" de Anne. Que situação era essa? Anne estava grávida! Olha só!!!!
Pouco se sabe sobre a relação de William e Anne, além do fato de eles terem vivido separados e que, em seu testamento, ele deixou para ela apenas a sua segunda (UAU!) melhor cama. Que falta de consideração, hein, homem!

➤ Seis meses depois do casamento, Shakespeare deu as boas vindas a uma filha, Susanna (que teve uma filha, Elisabeth), e os gêmeos Hamlet (que morreu ainda jovem) e Judith (cujos filhos morreram antes de se casarem) vieram em fevereiro de 1585. 
Mesmo com três filhos, a descendência do autor termina com a morte de sua neta Elisabeth, em 1670.

➤ Apesar de ser comprometido, há indícios de que o escritor se envolveu com outras mulheres e até (pasmem!) homens enquanto vivia sua rotina de dramaturgo. Mas que volúpia, hã?!?

➤ Um aspecto que é sempre questionado sobre o autor é a sua educação. Para muita gente, é pouco provável que um homem que não frequentou uma faculdade tenha sido "um gênio literário". Sabe-se que Shakespeare foi aluno de escola em Stratford, onde ele aprendeu a ler e escrever, também o latim, algo muito diferente da realidade vivida pelos seus pais. Eles, provavelmente, nunca aprenderam a ler ou escrever já que era comum para pessoas de sua classe social durante a era elisabetana não tivessem educação formal. Sua esposa e seus dois filhos (que viveram até a vida adulta, Susanna e Judith), também eram analfabetos, apenas Susanna sabia assinar seu nome.

➤ Em 1592, Shakespeare vai para Londres, e começa a trabalhar como dramaturgo e produzindo suas primeiras peças. Mas e antes disso? 
No intervalo de 1585 a 1592, na vida de Shakespeare, possui lacunas. 
Foi em 1585 quando foram registrados os batismos de seus gêmeos e em 1592 quando Robert Greene o denunciou em um panfleto como um “oportunista”. O insulto sugere que ele já tinha feito um nome no cenário londrino.
Não se sabe por que ou quando Shakespeare se mudou para Londres, ou quais profissões ele exerceu durante estes sete anos "perdidos". 
Alguns pesquisadores defendem que ele teria se mudado para Londres para fugir da punição de um senhorio (um político local) de Stratford-upon-Avon, por ter caçado veados em sua propriedade. Outros afirmam que o escritor havia trabalhado como professor, o que justificaria seu domínio da língua inglesa ou ainda que teria estudado direito, e viajado pela Europa continental. Há ainda outra teoria de que Shakespeare simplesmente teria se juntado a uma trupe de atores que ia de Stratford-upon-Avon para Londres. Nenhuma delas podem ser comprovadas pela falta de documentos ou registros. 

➤ Nossa noção sobre a estética e a aparência de Shakespeare (foto ao lado) vem da série de retratos do século XVII que podem ou não ter sido pintados enquanto ele estava sentado atrás da tela. Em uma das pinturas mais famosas, ele tem uma barba cheia, uma careca com cabelos atrás, gola da camisa frouxa e uma brilhante argolinha dourada na orelha esquerda. Mesmo no tempo de Shakespeare, homens com brincos eram sinônimo de um estilo de vida boêmio, como evidenciado em outros retratos de artistas elisabetanos.  A moda pode ter sido inspirada pelos marinheiros, que usavam um único brinco de ouro para cobrir os custos do enterro no caso de morrerem ao mar.
➤ Segundo um estudo feito na África do Sul, Shakespeare provavelmente fumava enquanto escrevia suas obras. Após encontrarem 24 cachimbos com mais de 400 anos no que teria sido o jardim do escritor, análises de cromatografia gasosa e espectrometria de massa revelaram resquícios de maconha em oito deles, folhas de coca em dois e nicotina em um. Os pesquisadores acreditam que Shakespeare usava essas substâncias pelas propriedades de estimulação mental que elas possuem em suas composições. Shakespeare curtia uma erva? Isso explica algumas coisas, rsrsrsrs...

➤ Em toda a sua obra, Shakespeare usou 28.829 palavras diferentes. O ‘Oxford English Dicitionary’, atribuiu a Shakespeare mais ou menos 3000 palavras inglesas que são usadas atualmente. Acredita-se que ele influenciou a língua inglesa mais do que qualquer outro escritor na história, popularizando termos e frases que eram usados nas conversas do dia a dia. Não só divulgou como também teria inventado várias palavras, como “addiction” (“vício”), escrita pela primeira vez em 'Otelo, o Mouro de Veneza'; “obscene” (“obsceno”), presente em 'Trabalhos de Amores Conquistados' ou “lonely” (“solitário”), em 'Coriolano'. As expressões “Knock knock! Who's there?” (“Toc toc! Quem bate?”) e “Break the ice” (“Quebrar o gelo”) também foram invenções do escritor, e apareceram pela primeira vez em 'Macbeth' e 'A Megera Domada', respectivamente.
Ele também leva o crédito por ter inventado nomes próprios como Olivia, Miranda, Jessica e Cordelia, que se tornaram populares com o passar do tempo (assim como outros, como Nerissa e Titania, que não ficaram tão populares assim... Porque será? rsrsrsrs...). 

➤ Os trabalhos de Shakespeare contêm mais de 600 referências a vários tipos de pássaros, de cisnes e pombas a pardais e perus. O estorninho – um pássaro lustroso e cantante com o dom de mimicar, nativo da Europa e da Ásia – faz apenas uma aparição, em “Henry IV, parte 1”. Este parece ser um indício de que ele curtia a observação de "penosos"!

➤ Aos seus 24 anos ele teria escrito cerca de 37 peças e 154 sonetos, uma verdadeira máquina de escrever humana. As peças de Shakespeare, geralmente, são encurtadas para serem apresentadas no teatro ou no cinema, pois, para se ter uma ideia, Hamlet, sua peça mais longa, demora cerca de quatro horas, no mínimo, para ser apresentada por completo. Haja fôlego para tanta declamação!

➤ Shakespeare não se limitava apenas em escrever seus sonetos e obras, ele também as representava no palco. Na peça Hamlet, ele atuou como o Fantasma, um de seus papéis mais importantes no compêndio bibliográfico.

➤ Apesar de suas peças e obras serem conhecidas mundialmente, o autor provavelmente não saiu do lugar onde morava. Em uma de suas peças, ele faz referência ao mar da Boêmia, quando, na verdade, em Boêmia não há nenhum mar em sua proximidade. Hoje, Boêmia é conhecida como República Tcheca.

➤ Antes de finalizar, vamos à grande polêmica: a partir das lacunas na vida do escritor e das coincidências com a trajetória de outros dramaturgos da época, várias teorias da conspiração surgiram e colocaram a identidade do escritor à prova.
Como um homem comum e provincial que nunca fez faculdade ou se aventurou para além da região se tornou um dos mais prolíficos e eloquentes escritores da história? Mesmo no início de sua carreira, Shakespeare escrevia contos que dispunham de grande profundidade e conhecimento sobre questões internacionais, capitais europeias e história, assim como tinham familiaridade com a corte real e a "high society" da época. Por esta razão, alguns teóricos já sugeriram que um ou mais autores que desejavam esconder suas identidades tenham usado a pessoa de William Shakespeare como disfarce. Alguns destes autores poderiam ser: Edward De Vere, Francis Bacon, Christopher Marlowe e Mary Sidney Herbert. As maiorias dos historiadores de literatura permanecem céticos quanto a esta hipótese, ainda que muitos suspeitem que Shakespeare chegou a ter outros escritores como colaboradores, Marlowe entre eles. 
No entanto, recentemente a pesquisadora Heather Wolfe, encontrou provas de que o cavalheiro de Stratford-upon-Avon e o dramaturgo revolucionário são, de fato, a mesma pessoa.

➤ Shakespeare morreu em 23 de abril de 1616, com 52 anos – nada mal para uma era na qual a expectativa de vida não passava dos 30 ou 40 anos! Nós podemos nunca saber o que o matou, apesar de um conhecido dele ter escrito que ele ficou doente após uma noite de bebedeira com o amigo Ben Jonson. 
Apesar de tudo, Shakespeare supostamente tinha meios para escrever o epitáfio de sua tumba, que fica localizada em uma igreja em Stratford. Com a intenção de afastar os numerosos ladrões de sepulturas que infestavam os cemitérios ingleses na época, os versos diziam:

 “Querido amigo, pelo amor de Jesus reprima-se / de cavar a poeira aqui encerrada. Abençoado seja o homem que poupar estas pedras, / E amaldiçoado seja aquele que mexer meus ossos”. 

O truque deve ter dado certo, já que os restos mortais de Shakespeare não foram, até hoje, perturbados. Porém, entre os arqueólogos, circula a teoria de que o crânio de Shakespeare teria sido roubado no século 18. Segundo religiosos da catedral, não há planos de violar o túmulo para descobrir se isso é verdade.
Então tá! ;) 

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Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

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