Você acha que as discussões por religião, política e futebol são as que mais contêm "tretas"? Aí que você se engana, meu caro e minha cara!!! No meio científico há (e muitos) embates acirrados!
Esse caso real, chamado de “Guerra dos Ossos”, é um deles:
Durante a grande corrida na busca de fósseis de dinossauros em 1800 e início de 1900, dois cientistas levaram muito a sério! Eles usaram uma série de estratégias desonestas (e até violentas) para superarem um ao outro.
De um lado, está o ‘lutador’ Othniel Charles Marsh (foto abaixo, esquerda), paleontólogo do Museu Peabody, da Universidade de Yale. Do outro lado, o ‘lutador’ Edward Drinker Cope (foto abaixo, direita), paleontólogo que trabalhava na Academia de Ciências Naturais da Filadélfia, Pensilvânia.
A princípio, tudo começou de forma amigável. Eles chegaram até nomear algumas espécies em homenagem mútua... A relação entre eles piorou com o tempo, devido, em partes, à natureza temperamental de ambos.
Cope era conhecido por ser agressivo e tinha um gênio explosivo. Marsh era mais lento, metódico e introvertido. Mas os dois eram considerados briguentos e desconfiados.
Aos poucos, começaram os “sutis” desprezos: Cope teria deixado a entender que Marsh não era exatamente um cavalheiro. Já Marsh considerou que Cope não era muito profissional.
Assim, os dois rapazes usaram suas riquezas e influências para financiar suas próprias expedições e obter serviços e ossos de dinossauros dos chamados caçadores de fósseis.
A ‘luta’ começou a esquentar e em uma viagem de “caça aos dinos”, Marsh subornou os guardas de um sítio arqueológico, simplesmente, para desviar qualquer descoberta importante do caminho do rival.
Em outra expedição, Marsh enviou espiões ao longo de uma das viagens de Cope. Depois de um tempo, Cope descobriu que dois homens de sua equipe de escavação eram, na verdade, funcionários "espiões" de Marsh e ficou furioso!! "The Treta Has Been Planted"!
E não para por aí! Corriam rumores de que eles partiram para as vias de fato: eles colocaram dinamites nas camas um do outro (nas tendas dos sítios arqueológicos), para atrasar as descobertas.
Cope enviou “ladrões de dinossauros” para as regiões de escavações, na tentativa de roubar tranquilamente fósseis na área de Marsh.
Há vários relatos de que, mesmo sendo protetores de sítios, destruíram ou danificaram fósseis para evitar que caíssem nas mãos do rival, ou ainda preenchiam os fossos escavados com terra e rochas, para dificultar o trabalho. E sobrava para todo mundo: as equipes dos paleontólogos rivais se enfrentavam a pedradas, como numa guerra campal. Bizarro? Mas, ainda assim, engraçado de se imaginar.
As competições não ficaram só em ‘campo’. Houve as hostilidades ‘abertas’, fazendo o possível para arruinar a credibilidade profissional um do outro. Não havia limite para esses senhores! Passaram, por anos e anos, fazendo humilhações mútuas publicamente: em artigos acadêmicos – apontando erros nas reconstruções dos fósseis - através de documentos, acusando reciprocamente de crimes financeiros e incompetência nos jornais. Cope, por exemplo, acusou Marsh de plágio e má gestão financeira e acusou os aliados (financiadores) por desvio de dinheiro público.
Dois homens barbados com picuinhas de quinta série... Quem diria...?!?
Dois homens barbados com picuinhas de quinta série... Quem diria...?!?
Bone Warrior - The Pennsylvania Gazette |
As escavações paleontológicas duraram quinze anos (1877 a 1892), com ambos, juntamente com seus trabalhadores, sofrendo com o clima de sabotagens e obstáculos causados pela rivalidade.
A disputa pelo "Trono" na Guerra dos Ossos durou até a morte de Cope, em 1897, quando ambos já haviam esgotado os seus recursos na busca da supremacia paleontológica.
Cope e Marsh estavam arruinados economicamente e socialmente. O primeiro sofria de uma debilitante doença nos seus últimos anos e teve que vender parte de sua coleção de fósseis e alugar uma de suas casas para suprir as despesas com tratamentos.
Já Marsh teve que hipotecar sua casa e pedir um salário de subsistência para a Universidade de Yale.
Você acha que foram cuidar das suas vidas e pronto, acabaram com as provocações? De jeito nenhum!
Cope lançou um último desafio antes de morrer: doou seu crânio à Universidade da Pensilvânia, para que pudessem medir seu cérebro, na esperança de que comprovassem que o órgão era maior que de seu adversário. Acreditava-se, no passado, que o tamanho do cérebro era proporcional em relação à inteligência.
Ainda que exista um relatório feito por um legista certificando a autenticidade do mesmo, a universidade alega que o crânio depositado no local é questionável e que o verdadeiro crânio se perdeu na década de 1970.
E... De qualquer modo, Marsh nunca aceitou o desafio de ter o seu cérebro comparado com o de Cope! Portanto, se desgastaram em vão.
No que diz respeito à ciência e pesquisa, os dois pesquisadores fizeram grandes contribuições para o campo da paleontologia.
Os dois saíram ganhando, pelo menos, no que interessa. A disputa levou às descobertas e descrições de mais de 136 novas espécies de dinossauros. Dinossauros emblemáticos como os estegossauros, tricerátopos, diplódocos e apatossauros, vieram do trabalho destes dois orgulhosos. Ainda assim, forneceram material substancial para trabalhos futuros, já que os ‘brigões’ deixaram muitos exemplares de fósseis, em caixas fechadas, após suas mortes.
Foi publicada uma considerável quantidade de livros históricos e adaptações de ficção sobre esse período de intensa disputa paleontológica.
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Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima
Eita! Pareceu duas crianças com barbas!!
ResponderExcluirIsso que é uma briga eterna, Vander! O resto é bobagem hahahahahahaha...
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