sábado, 9 de outubro de 2021

Conheça 4 fatos sobre a vida de Max Planck

 https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2021/10/max-planck-4-fatos-sobre-vida-e-carreira-do-pai-da-fisica-quantica.html


segunda-feira, 12 de abril de 2021

Anões de Jardim: de onde vieram, o que fazem?

Todo mundo já topou, alguma vez, com estátuas de homenzinhos pequenos em jardins de uma casa, por exemplo. Pode até ser que você que está lendo esse texto agora, tem um no jardim de sua casa. 
Nós aqui do Partículas perguntamos: vocês sabem a origem destes seres de longa barba e capuz, gorduchinhos com carinhas felizes nesses ambientes jardinescos?
Pois a gente foi procurar saber e contamos aqui o que descobrimos.

O Anão de Jardim "viajante" do filme "O Fabuloso Destino de Amelie Poulain

É possível que se associe, primeiramente, aos gnomos - alguns até chamam essas estátuas assim - e estes seres estariam vinculados à florestas e jardins de uma forma. Mas como eles foram parar nos jardins, em formato de estátua?

Primeiramente, devemos à Roma Antiga a tradição das estátuas. Os primeiros registros delas remonta esse período e espaço histórico, e sim, os romanos colocavam estátuas de seus deuses em jardins. Assim como nos templos, se guardava com a presença dos mesmos, a proteção do lugar (contra maus espíritos), além de atração de fortuna e prosperidade futura para os que ali viviam.

Já da tradição germânica e escandinava, herdamos as estátuas de gnomos: homenzinhos pequenos que acredita-se que vivem no subsolo, ou que guardam moradia em cavernas e/ou minas. 
Os contos de fadas e sobretudo na era moderna, a Disney, moldaram o nosso imaginário com relação à figura do gnomo/anão de jardim. Homens baixos e com a barba longa, tal como, na referência dos Sete Anões:


Porém, na tradição escandinava e germânica, há outros relatos e contos que dão conta de gnomos, duendes, seres diminutos em geral de diversas formas e características, que tinham um tom ameaçador.  Um fato que coloca eles em semelhança entre si é o seguinte: são "habitantes da terra" em grande parte desse folclore mencionado. Assim, eles protegem tudo que está relacionado à terra. 

Não foi antes do Renascimento que os gnomos ganharam popularidade. A natureza mística e protetora deles passou a denotar um significado forte no cotidiano social. Chegamos então no século XVII, com a prática generalizada de colocar gnomos de barro, porcelana e até madeira, no jardim. Eles eram pintados à mão e estavam mais disseminados nas aldeias da Suíça, até se espalharem por toda a Europa. 

De forma correlata à prática romana, acreditava-se que os gnomos guardariam a proteção das casas de maus espíritos e também de intrusos. Além disso, acreditava-se que à noite, eles se movimentassem para garantirem o crescimento do jardim e também, das plantações. 


O gnomo de jardim moderno, tal como conhecemos, surgiu pela primeira vez, em meados do século XVIII, na Alemanha. Dois nomes aparecem como os primeiros fabricantes da estátua alegre de jardins: Phillip Griebel e August Heissner. Griebel teria sido o primeiro fabricante registrado, embora haja contestações à esse respeito. Parece certo dizer que ele foi um dos pioneiros e um dos mais antigos na produção das simpáticas estátuas e Heissner ficara conhecido pela produção destes em alta qualidade.

Todo folclore acabou perdendo força (e de algum modo, também perdeu sentido) com a Revolução Industrial. Algumas crenças e tradições eram típicas e muito bem colocadas na vida rural das cidades europeias. Com a Revolução, os grandes centros urbanos cresceram e muitas tradições foram deixadas de lado. 
O próprio conto de fadas foi, acidentalmente relegado ao público infantil justamente por ter perdido o espaço que era desse tipo de literatura no cotidiano das aldeias majoritariamente rurais. Um conto de fadas não tinha mais espaço num centro urbano envolto de muitas fábricas para os adultos que viviam trabalhando sem tempo para "lazer". 
Por isso também, contos de fadas tornou-se uma ferramenta pedagógica e passou a compor o banco da escola e não mais nas casas para todos os membros da família.

Esse tempo culturalmente maravilhoso ficou enfraquecido com aquele cientificamente esclarecido. Por isso, perdeu-se a crença que gnomos traziam prosperidade nas plantações ou proteção de seus jardins. Com a industrialização, perdeu sentido acreditar em folclore. Com a decadência da Primeira Guerra Mundial, gnomos de jardim tiveram uma grande queda na popularidade. 

A Disney, como já dito, trouxe eles à "moda", mas não se um significado modificado e modernizado - afinal, os anões da Branca de Neve trabalham muito na mina... 
Aos poucos, as sociedades foram colocando eles como artigo de mero enfeite nos jardins, sobretudo para nós que herdamos a presença destes simpáticos serzinhos através dos imigrantes europeus. 
Em qualquer loja de jardinagem, encontramos os mais diversos tipos... Alguns até, bem divertidos!




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sexta-feira, 5 de março de 2021

Adolf Hitler era antissemita desde jovem!

Uma série de cartas até então desconhecidas escritas por Alois Hitler, pai de Adolf Hitler, lança um olhar mais profundo sobre as origens familiares do ditador nazista. A correspondência serviu como base para um livro lançado nesta segunda-feira (22/02/2021) na Áustria:  Hitlers Vater – Wie der Sohn zum Diktaror wurde (O pai de Hitler - como o filho virou ditador, em tradução livre). São 31 cartas que Alois Hitler escreveu ao construtor de estradas Josef Radlegger, após comprar sua fazenda em Hafeld, no norte da Áustria.
No livro, o historiador austríaco Roman Sandgruber argumenta que Alois desempenhou um papel-chave na formação psicológica do filho.

Em alguns dos diversos tópicos abordados através das cartas do pai do tirano genocida, o autor embasa a sua teoria de que Adolf Hitler já era um antissemita na juventude, contestando as alegações até então conhecidas de que o ódio de Hitler aos judeus surgiu depois que ele se mudou para Viena.

Quando jovem, Hitler se mudou para a cidade por volta de 1908, com o objetivo de se tornar um artista. Apesar de ter sido recusado na escola que pretendia frequentar, ele insistiu nisso por um tempo. 
As últimas descobertas vão de encontro aos relatos de August Kubizek, amigo de Hitler na adolescência frequentemente citado por outros historiadores. 

O livro revela que Alois Hitler - que morreu em 1903 - era um agente da alfândega austríaca, e seu trabalho exigia mudanças constantes de residência - a família Hitler teve 18 endereços diferentes. Descrito como um misto de autodidata, presunçoso e uma pessoa que se superestimava grosseiramente, essa situação familiar poderia ter sido grande influência na particular inclinação ao antissemitismo de Adolf Hitler

Adolf - nascido em Braunau am Inn, na Áustria, em 1889 - devido as várias mudanças, mais tarde buscou esconder o fato de que a família já havia vivido em uma propriedade judaica em Urfahr, perto da cidade de Linz, às margens do rio Danúbio. As cartas também mostram que a mãe de Hitler, Klara, perto da morte em 1907, foi tratada por um médico judeu que mais tarde fugiu para os Estados Unidos.
Foi nesses recortes de sua biografia que ele já começava a nutrir desrespeito pelo povo judeu. 

A única revolta significativa de Adolf Hitler contra seu pai, observa Sandgruber, foi a de rejeitar o desejo de Alois de que ele também seguisse uma carreira no serviço público. "Ele queria ser um artista livre e não seguir os passos de seu pai", escreve o autor.

Entretanto, é possível perceber nas cartas que tanto pai quanto filho também compartilhavam o desprezo pela autoridade e eram anticlericais, ainda que Adolf não tenha abandonado totalmente a Igreja Católica durante a sua vida adulta.

Como líder do partido nazista, Hitler emergiu como chanceler alemão em 1933, desencadeou a Segunda Guerra Mundial e promoveu o assassinato em massa de judeus e outras minorias. Este é um do capítulos mais tristes da História da Humanidade e sem dúvidas, da Alemanha unificada. 

(Fonte base para o texto: artigo da DW - Cartas inéditas revelam influência do pai sobre Hitler)

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segunda-feira, 1 de março de 2021

Está com insônia? Conte carneirinhos...

 Por que dizem que contar carneirinhos ajuda a dormir? 


Em tese, tudo indica que contar carneirinhos seria uma atividade mental monótona e que por ser assim, enfadonha, causaria sono, desvirtuando a nossa mente dos problemas cotidianos.
No entanto, essa experiência pode ser ainda pior para atrair o sono: contar carneirinhos manteria o cérebro ativo, liberando hormônios como o cortisol, e faria o "insone" acabar ainda mais desperto. 

Neste caso, pode ser mais eficaz mentalizar uma paisagem relaxante - como uma área arborizada com uma cachoeira -, ou receber uma massagem ou tomar um banho quente. Tomar leite morno ants de deitar também parece ser uma solução bacana. Em média, quem imagina paisagens relaxantes por exemplo, relaxam e adormecem 20 minutos mais rápido do que as pessoas que ficaram "contando carneirinhos". 

Mas, qual a origem dessa expressão/costume? 


O melhor registro que temos sobre "contar carneirinhos" pode ser a fonte originária: o livro Disciplina Clericalis escrito no século XII por Pedro Alfonso - possui uma coleção de contos e fábulas mais antigos da Europa. 
Um dos contos da obra, chamado de The King and His Story-teller (em tradução livre: O rei e seu contador de histórias), trata de um rei que exigia que um súdito lhe contasse histórias até dormir. O tal, no caso, com o passar do tempo, também necessitava descansar, então, inventou a história de um homem que deveria atravessar dois mil carneiros por um rio. Assim - e para sustentar a trama - o súdito pedia ao rei que fizesse a contagem da travessia de cada carneiro... Ele acabava dormindo no meio da contagem e o súdito, se retirava para ele mesmo, cair nos braços de Morfeu. 

E aí, vocês "contam carneirinhos" quando estão com dificuldades para dormir??  Contem aí para a gente!

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

O Tempo na Idade Média: As horas do dia

Sabemos agora como foi a montagem do calendário que seguimos até hoje: 12 meses, cada um com 4 semanas e um dia de "repouso" - domingo, Dia do Senhor. (Não leu? Clique aqui). 
Mas e as malditas horas do dia? Como fracionavam esse tempo, se é que faziam isso?


Como não havia luz elétrica, as atividades - e consequentemente, o dia - terminavam assim que escurecia. As horas, então, eram calculadas a partir do pôr do sol, afinal, não haviam relógios!
Os primeiros, eram recheados de erros, e começaram a se popularizarem apenas a partir de 1300.

Na Idade Média, estava em vigor a prática romana de dividir e o dia em horas diurnas e noturnas - horae e vigiliae - sempre em grupos de três, conforme a lista abaixo.

Período da noite, quando o sol se põe:

Vigilia prima - das 18h às 21h, aproximadamente;
Secunda - das 21h a 0h;
Tertia - 0h a 3h;
Quarta - 3h a 6h.

Período do dia, ao amanhecer:

Hora tertia - das 6h a 9h;
Sexta - das 9h a 12h;
Nona - 12h a 15h;
Vespera - das 15 até o pôr do sol, por volta das 18h. 

Como já dito, sem relógios, os sinos das Igrejas eram o alarme desde o século VII: as badaladas nos tempos acima citados regulavam, no dia a dia medieval, o trabalho e a vida nos campos. Obviamente, as  horas do dia começavam mais cedo (no verão) e mais tarde (no inverno). O ponto de referência era, então o campanário dos mosteiros que batia as horas seguindo os ritmos dos monges e de suas orações.

A mattutinum - a primeira oração - acontecia por volta das três da madrugada!!!! 
Com o sol aparecendo era o momento das laudes, a segunda etapa de orações, seguida pela reza da hora tertia, por volta das 9h da manhã. Assim, se davam as orações da sexta ao 12h, da nona às 15h e da vespera às 18h. Por fim, compieta acontecia assim que anoitecesse, quando se recitava a Ave-Maria, muitas vezes acompanhada de uma badalada de sinos (sobretudo a partir do ano 1318). 
Em algumas regiões ainda mantém-se o costume: às 18 horas, as igrejas tocam sinos enquanto, por auto-falantes, padres rezam ou gravações da Ave-Maria são transmitidas para a população.  

Os minutos eram computados por instrumentos pouco precisos: relógios de sol, ampulhetas e até velas. Mas isso era irrelevante à época; a modernidade e o germe do capitalismo é que fizeram com que o tempo precisasse ser computado de forma exata - afinal, "tempo é dinheiro". 
Na Alta Idade Média, não importava tanto, ainda que se trabalhasse muito e precisasse produzir na lavoura o sustento. Isso pois, a dimensão do tempo nesse período era diverso: ele era considerado sagrado e pertencia somente a Deus.

Assim, com o advento do desenvolvimento econômico entre os séculos XI e XII e a ascensão social das chamadas classes mercantis, o lento "tempo da Igreja" se tornou o completo oposto do frenético "tempo mercante". Nesse último, era muito necessário a racionalização desse tempo: saber exatamente a duração das viagens e sobre a rapidez dos negócios, tanto comerciais, quanto empréstimos faziam as coisas acontecerem. 

Com isso, a Igreja precisou se adaptar aos novos tempos (literalmente): se antes condenava a nova filosofia - já que o tempo pertencia a Deus e era absurdo considerar objeto de lucro - passou a legitimá-la e mais que isso, legitimou também a usura - juros, arrendamentos.
Reconhecendo então que os mercadores exerciam um trabalho indispensável para a Cristandade, isto é,  a disponibilização de recursos, os mercadores também, pagavam seu pecados - literalmente - com côngruas (pensões pagas aos párocos para seu sustento), esmolas e heranças à Igreja Católica. Por causa dos mercadores é que se inventou a ideia de Purgatório, inclusive.
Nada como dar tempo ao tempo, não é mesmo? 

(Fonte base para o texto: "A Vida Secreta da Idade Média" de Elena Percivaldi)

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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

O Tempo na Idade Média: calendário

Há quem faça pouco das festas de virada de ano. A celebração do Réveillon em si não deixa de ser uma coisa realmente engraçada: comemora-se a volta completa do Sol em torno da Terra.
Os "chatos" argumentam sobre isso, pois não gostam de festejar. Ou até gostam, mas são implicantes e preferem fiscalizar a vida alheia, se incomodando com a alegria dos outros. 
De todo modo, pode-se dizer algo em favor deles: Esse ciclo (do Sol em torno da Terra) é iminente; irá acontecer, quer estejamos dormindo na nossa cama no dia 31 de dezembro para 01 de janeiro, quer estejamos acordados dançando loucamente, músicas de qualidade duvidosa, com amigos e familiares, todos (bem) "lubrificados". 

Deveríamos ter abandonado o costume quase ritualístico dessa passagem (como vimos, não era bem assim noutros períodos históricos, que sequer tinham uma definição de calendário), uma vez que a civilização já deixou de praticar muitos ritos tribais, por exemplo. Se fôssemos ainda sociedades primitivas e não tivéssemos a ciência avançada, justificava-se. Temos um calendário padronizado seguido por boa parte do mundo e então, de uma forma ou de outra, poderia ter sido uma prática que, com o tempo, acabasse sendo naturalizada.
Mas não é bem assim. O pessoal se apegou à essas festas desse tipo muito mais como um jeito de extravasarem do que necessariamente se colocarem como um momento de reflexão sobre o seu significado. Se é um ciclo de uma volta completada do Sol em torno da Terra, porque não usar a data da passagem para, efetivamente, fazer uma autoavaliação de conduta e renovar as energias para um ano novo, sendo uma pessoa melhor? Sim, as pessoas fazem as promessas, mas colocar em prática são outros quinhentos...

Na postagem anterior, contamos algumas curiosidades sobre festividades como Natal, Fim de Ano e Carnaval, e ressaltamos que o tempo na Idade Média, era diverso. 
Vamos falar sobre isso, hoje? Então, nos acompanhem!

Neste período, os anos transcorriam de forma bem entendiante. Imaginem: sem TV, sem Internet... Ah, que tédio!... Mas não por isso, o tempo era bem monótono na Idade Média, principalmente para a gente comum. Ao contrário das classes cultas (que eram minoria) e dos eclesiásticos, o povo do campo, por sua vez, não tinham noção clara de como medirem o tempo. E mais que isso: era bastante difícil computá-lo. 

Se, na era romana, o ponto de partida para a contagem dos anos era a fundação da Urbe - fixada pelo erudito Varrão no dia 21 de abril de 753 a.C. - a partir do século VI popularizou-se o sistema elaborado pelo monge Dionísio, o Exíguo.

Dionísio (foto ao lado - c. 470-544) não era só monge, era jurista de direito canônico, escritor, tradutor e, no caso, matemático. Seus cálculos formalizaram um sistema que estabeleceu o nascimento de Cristo no dia 25 de dezembro do ano 753 ab Urbe condita (da fundação de Roma).
Mesmo que esse cálculo do início da chamada "nova era cristã" tenha sido reconhecido depois como errado e atrasado em quatro ou cinco anos em relação ao efetivo nascimento de Jesus, esse sistema é o que se impôs no Ocidente por volta do século X e continua sendo seguido até hoje. 

Vale lembrar que havia outras culturas que seguiam um calendários próprio, diferente do cristão. O calendário chinês vem a nossa mente, instantaneamente, e eles ainda seguem o calendário de sua própria tradição. No último dia 12 de fevereiro, os chineses comemoraram o início do ano 2021 sob um novo regente: o Boi de Metal. Ele representa ordem, adaptação, e disciplina. (Tudo que precisamos depois do atribulado 2020, não é?) 
Mas os árabes, por exemplo, contavam os anos a partir da fuga de Maomé da Meca, ocorrida no 16 de junho de 622, segundo uma tradição que se implementou a partir do ano 640 d.C. 

Mas, afinal de contas, como era o calendário usado no Ocidente na era Medieval? 

Combinando o calendário introduzido por Júlio César no século I a.C. - que dividia o ano em 12 meses - com o calendário hebraico, na qual os cristão adotaram a divisão em semanas e a importância da Páscoa, ou Pesach, que em hebraico significa "passagem", temos finalmente o contagem de tempo que seguimos desde então.
Dos hebreus também adotou-se um dia da semana dedicado ao repouso: para eles, era o shabbat - sábado. Mas o Imperador Constantino preferiu o domingo - dies domenica, o conhecido "Dia do Senhor". 

Já o primeiro dia do ano então, variava conforme o lugar. Por exemplo, o esquema de circuncisão de Jesus - que fazia o ano iniciar-se no 1º de janeiro - era usado na Roma Imperial. Na República de Veneza, em vigor até 1797, o início do ano era no dia 01 de março. O calendário seguido pelas regiões de Pisa e Florença previam o começo do ano no dia 25 de março. O mais difundido no noroeste da Península Itálica (como a Lombardia) coincidia com o Natal: 25 de dezembro. 
O bizantino era ainda "mais diferente": o ano se inciava no dia 01 de setembro e foi usado o mesmo esquema no Império do Oriente e na Rússia. 

Todos os calendários, no entanto, giravam em torno da figura de Jesus Cristo e da comemoração dos principais eventos de sua vida terrena. 
Nesse caso, Pentecostes - a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e o início de sua missão - e Corpus Christi, cuja celebração foi criada a partir do ano 1246, eram fundamentais. 
O calendário cristão também lembrava santos e mortos, além de incluir outras festividades de matriz, digamos, profanas - como recordado no post anterior - que acontecia com fusão ou resquícios pagãos, como aqueles ritos baseados em colheitas. 

No próximo post, contaremos como era a divisão das horas do dia. Até lá!
 

(Fonte base para o texto: "A Vida Secreta da Idade Média" de Elena Percivaldi)

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Festividades na Idade Média: Natal, "Ano Novo" e Carnaval

Para as classes populares na Idade Média (período da História entre 476 a 1453 d.C.) uma pausa no trabalho era uma coisa impensável. Férias, como entendemos hoje, não existia ainda, mas haviam algumas festas que não poderiam deixar de ser celebradas dignamente se não fosse como uma espécie de folga. 
Depois do nosso feriado de Carnaval, vamos comentar mais ou menos como era essa festividade neste período histórico, na postagem de hoje.


Como se sabe, as celebrações na Europa sobretudo após a Antiguidade, eram tomadas por práticas pagãs e boa parte dos ritos sagrados cristãos eram muito diferentes de hoje. Alguns eram adaptados com aspectos propositais de ordem pagã, claro, para garantir que fossem perpetrados. Outros, foram substituídos por festividades específicas, modificados ao longo do tempo. 

Por exemplo, o Natal. Este não soava muito diferente do nosso. No período ainda inconsistente em termos de data - do que seria o 25 de dezembro (em outra postagem falaremos de como se marcava o tempo na Idade Média) - no campo, se matava um porco e jogava-se dados. Essa última questão era uma distração fortemente condenada por pregadores.
Mas não pensem que era só isso: por tradição também se assistia à todas as missas da noite. A refeição também fazia um papel importante na celebração - por isso, ainda há, talvez como herança, a prática de nos esbaldarmos com a ceia. 
De acordo com Jean Verdon (medievalista francês), "decora-se a casa e vestem-se roupas novas". Parece o nosso famoso "se arrumar para ficar na sala" - que também acontece, em alguns casos, no Réveillon. 

E por falar no primeiro dia de janeiro (que como veremos, em outra postagem, não coincidia para todos com o primeiro dia do ano) era festejado com ritos bem pagãos: banquetes, é claro - mesas fartas até tarde e muita bebida. Normal, não é? De acréscimo, já quase na área do Carnaval, o pessoal usava  fantasias - máscaras de bezerros, de cervos - que eram comuns nessa ocasião. Além disso, havia também a troca de presentes!! Seria o "amigo oculto" da Idade Média??? 

Comentando sobre as fantasias, não é tão difícil pensar que as festividades tinham alguma origem pagã, sobretudo, céltica, nestas celebrações cristãs, como duas premissas que se fundiram. Por trás da ideia da máscara de cervo por exemplo, parece ser uma referência ao deus Cernuno (representado na imagem abaixo), o espírito em forma de divindade dos animais machos com chifres e também um deus céltico associado à natureza, à reprodução e à fertilidade. 

Ainda no fim da Idade Média era comum que no dia 1º de janeiro as pessoas se fantasiassem e "enlouquecessem" festejando. Por ocasião da Epifania - ou Dia de Reis - preparava-se uma suntuosa torta na qual era inserida uma fava: quem a encontrava era o rei da festa. 
Vamos ponderar aqui que essa torta evoluiu para o "Pavê ou pacumê" dos tiozões medievais, rsrsrs...

Brincadeiras à parte, entre as festas mais populares e difundidas desses período estava, sem dúvida, o Carnaval. O termo em latim parece derivar de carmen levare, ou seja, "abolir a carne". Na origem, não havia nenhuma relação especificamente com fantasias-se, festejar até não aguentar mais, que estamos costumados. Era simplesmente se deliciar com pratadas e pratadas de carne, pela última vez, antes da quaresma. 
Mas um antecessor do Carnaval é mais antigo que a era cristã. O indício foi encontrado na Saturnalia dos romanos - festas dedicadas ao deus Saturno - com brincadeiras, libações e também, troca de presentes. Nessa prática (que havia também sacrifícios) na maioria das vezes, acabava em excessos (olha só!) perigosos, a considerar que tudo era permitido, inclusive (preparem-se!) a troca de papéis, com as pessoas vestindo roupas alheias, caracterizando popularmente como as "festas dos loucos". 

Obviamente, com o advento do cristianismo, o Carnaval continuou a ser celebrado, mas perdeu o seu significado ritualístico, e acabando por ser muito criticado pelo clero que via na folia do povo um grande festejo recheado de problemas: propensão à lascívia e imoralidade, e subversão constituída. 
Errados não estavam...

Assim, o Carnaval - com a carga de irreverência que continha - se contrapunha à formas religiosas oficiais. Com a entrega ao riso, a loucura, a gozação e a abundância, isso era visto pelas autoridades eclesiásticas como algo muito semelhante aos tempos pagãos e portanto, indissociável aos costumes cristãos. Mas o porque ele era tão amado pelo povo, (e de alguma forma, ainda é, por muita gente)? 
Pois é simples: no festejo, até os mais pobres poderiam emancipar-se, esquecerem, por um momento a própria situação, e se transformarem "em outros" através das máscaras/fantasias.
Não é essa a premissa dos defensores do nosso Carnaval?

Com um tempo, até a Igreja começou a aceitar essa festividade, percebendo que era uma válvula de escape e vitalidade popular, capaz de neutralizar as tensões sociais e energias subversivas. Mas, claro, era necessário por um freio nesse "libera geral": a quaresma chegaria logo depois, impondo (como o nome diz) quarenta dias de oração, penitência, e mortificação em preparação para a Páscoa. O jejum - abstinência de carne e vinho, e na época, a redução das refeições para uma só por dia - foi teorizada nos primeiros séculos do cristianismo e, salvo algumas sutis mudanças, permanece como prática rigorosamente aceita entre os católicos, nos nossos tempos.  

(Fonte base para o texto: "A Vida Secreta da Idade Média" de Elena Percivaldi)

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