segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

As origens das palavras e expressões populares – Parte 2

Confiram a parte 2 da seção das 30 mais divertidas e curiosas palavras e expressões (e possíveis origens). 

Caso não tenham lido a primeira parte, cliquem aqui. A seguir, as 15 expressões e suas (supostas) origens!

Bárbaro: A palavra “bárbaro” tem várias conotações. A maioria delas carrega um sentido negativo, como quando nos referimos a uma pessoa como selvagem ou bruta. Esse sentido muito provavelmente é uma herança da Roma Antiga. Durante a expansão do Império Romano era comum dizer que "bárbaro" eram  todos os povos que não tinham a língua latina como a nativa, isto é, os povos germânicos, celtas, iberos, trácios e persas.

Mas existe também um lado positivo do termo, que em geral está associado à figura dos fortes bárbaros que aparecem nos filmes. Em alguns casos também dizemos que é "bárbaro" algo ou alguém que seja interessante, e por extensão, legal.

Independente de qual significado se atribui, a palavra sempre foi usada para tratar de alguém que vem de fora, que não pertence a um mundo considerado "civilizado" e é aí que começamos a chegar no seu sentido original. Lá no tempo dos gregos, esse termo foi cunhado para fazer piada (literalmente) com os estrangeiros. E sim, numa consulta ao dicionário podemos compreender que a palavra vem de barbarus, que significava  "estranho", "estrangeiro" ou "ignorante".

A raiz da palavra 'barbar' não é nada mais do que a maneira como os gregos interpretavam a língua dos estrangeiros: para eles soava algo como som sem sentido que emitiam - “bar bar bar”. O termo foi usado para se referir a “uma pessoa que não fala nosso idioma” até o início do século 17. A partir de então, o adjetivo para designar uma pessoa selvagem e rude passou a predominar.

Nas coxas: Essa não é uma das expressões mais bonitas de nosso vocabulário usual. "Nas coxas" indica que algo foi mal feito, realizado sem capricho; é imprecisa. Porém, não há consenso sobre sua origem. Talvez ela viria do período da escravidão, sendo a  vertente mais popular conhecida. Afirmam que a expressão viria do hábito dos escravos moldarem as telhas de barro em suas coxas e que, por possuírem tamanhos e formatos diferentes, acabavam irregulares e mal encaixadas. 

Colocar panos quentes: De uso figurado, "colocar panos quentes" é  utilizada para fazer referência a uma tentativa de amenizar uma situação. O objetivo principal é o de apaziguar um problema, evitando, assim, que uma confusão seja instaurada. A origem da expressão tem por base um tratamento terapêutico paliativo, no qual panos quentes são aplicados sobre determinada parte do corpo para aliviar dores e/ou sintomas como, por exemplo, a febre. A aplicação de calor para combater a dor ajuda a relaxar os músculos e, com isso, a evitar espasmos. O calor dos panos quentes também tende a causar uma transpiração que resulta na diminuição da temperatura do corpo. Isso pode levar ao término da febre.

Apesar de não curar o motivo do problema, os panos quentes proporcionam uma sensação de alívio que ajuda a controlar o problema temporariamente. Um processo semelhante acontece com o uso da expressão: Ao "colocar panos quentes" em determinada situação, não se resolve o problema, porém ele se encontra sob uma solução temporária.

(Não confundam com o "passar pano". Nesse caso, é só mais uma expressão atual cujo sentido já existia fazia tempo: "passar a mão na cabeça" era a expressão usada para isentar alguém de culpa ou justificá-la por um erro cometido...)

Boca de siri: Eis uma que faz tempo que não ouvimos - a boca dos crustáceos, os siris, é apenas uma fenda e fica extremamente fechada. Logo, “fazer boca de siri” é uma ótima alternativa para quando você quer dizer para alguém “ficar de boca fechada” e não sair fofocando ou espalhando segredos por aí.

Tempo é dinheiro: A expressão é utilizada para indicar que, em um contexto laboral, o tempo utilizado para fazer algo acaba por ser um tempo vendido. Afinal, a pessoa que trabalha recebe determinado valor pelo tempo que passou trabalhando.

A frase também costuma ser interpretada de uma segunda forma: o tempo que uma pessoa tem livre também pode ser "transformado" em dinheiro se utilizado para realizar uma atividade que dê lucro (por exemplo, vender algo). Acredita-se que a expressão teve origem em uma frase do filósofo grego Teofrastos, que afirmou em um de seus livros que “o tempo custa muito caro”. Teofrastos levava, em média, 2 meses para escrever cada um de seus livros e o tempo gasto escrevendo acabava por voltar para ele sob a forma de "dinheiro".

Depois de saber disso e de ler as obras do filósofo, o físico americano Benjamin Franklin concluiu e reformulou a expressão para “tempo é dinheiro”.

Meter o bedelho: Outra expressão sumida e que significa intrometer-se em um assunto que não lhe diz respeito. Bedelho tem outros dois significados principais. Um objeto - a palavra "bedelho"  designa a pequena tranca posicionada na horizontal entre os batentes de uma porta ou janela, de forma a permitir que ela seja fechada ou aberta - e outro, mais substantivo - "bedelho também significa um trunfo pequeno, insignificante, em um jogo de cartas. É notável que esse segundo significado estaria mais relacionado com a origem da expressão do que o primeiro.

Quando uma pessoa "mete o bedelho" em algo, ela geralmente dá uma opinião intrometida, insignificante, sem importância num caso que simplesmente, não fora chamada. O mesmo acontece no jogo de cartas: Um bedelho usado é praticamente uma carta forçada; não faz muita diferença no jogo e, por isso, é irrelevante.

Dar a mão à palmatória: significa “confessar ou admitir um erro”; “reconhecer que não tem razão”. Mas o que é "palmatória"? É um antigo objeto de madeira formado por um cabo onde uma das extremidades é mais larga e geralmente arredondada. Antigamente, ela era utilizada pelos professores para bater na palma da mão de alunos como forma de discipliná-los. Quando os alunos estavam errados, eles estendiam um dos braços com a palma da mão voltada para cima de modo que o professor pudesse bater nela utilizando a palmatória. Doía, mas não deixava marcas, nem maiores danos. Faz um bom tempo que o uso de instrumentos assim foram proibidos nas escolas.

A origem da expressão faz alusão à antiga metodologia utilizada por professores, onde os alunos, ao admitir um erro, literalmente "davam a mão à palmatória".

Arroz de festa: A expressão se refere ao conhecido arroz doce, que durante o século 14 era uma sobremesa praticamente obrigatória nas festas, tanto para portugueses quanto para brasileiros. Não demorou muito para a expressão ser usada para se referir àquelas pessoas que não perdem uma só “boca-livre”. (Conhecemos um monte de gente assim... rsrsrs...)

Salvo pelo gongo: Ao que tudo indica, a expressão teve origem nas lutas de boxe, já que o pugilista prestes a perder pode ser salvo pelo soar do gongo ao fim de cada round.

Mas, claro, existe outra explicação possível e mais bizarra: seria sobre uma invenção chamada “caixão seguro”. Explicamos: esse tipo de urna era usada por pessoas que tinham medo de ser enterradas vivas e que encomendavam caixões com uma corda ligada a um sino fora da sepultura. Se elas acordassem, poderiam dar sinal de vida puxando a corda assim, ser retirada da cova! ...

➤ Ter uma paciência de Jó: Na Bíblia, Jó é retrato como um personagem que enfrenta as piores provações da vida, mas não deixa sua fé em Deus se abalar. Logo, quando alguém tem “paciência de Jó” é porque sabe esperar sem se abalar com a demora, os problemas e não perde a perseverança.

Por a mão no fogo: Esse era um tipo de tortura praticada na época da Inquisição promovida pela Igreja Católica na Idade Média.  Quem era sentenciado a esse tipo de castigo por ter cometido algum tipo de heresia, tinha a mão envolvida em estopa e era obrigado a andar alguns metros segurando um ferro aquecido em brasa.

Depois de três dias, a estopa era arrancada e a mão do “herege” era examinada: se ainda estivesse queimada, o destino era a forca. No entanto, se estivesse ilesa, era porque a pessoa era inocente - o que nunca acontecia, não é mesmo?

É por causa disso que "colocar a mão no fogo" ou "fogo nas mãos" virou  sinônimo uma espécie de atestado de confiança.

Rodar a baiana: Mais do que uma expressão - é também uma prática -  quer dizer ‘dar um escândalo em público’ e teria se originado nos blocos de Carnaval do Rio de Janeiro no início do século 20.

Dizem que, nessa época, alguns malandros aproveitavam a folia para dar beliscões no 'bumbum' das moças dos desfiles até que capoeiristas passaram a se fantasiar de baianas para proteger as garotas desse tipo de assédio.

Daí, quando algum engraçadinho desavisado 'avançava o sinal', levava um golpe de capoeira. Quem estava de fora só via a “baiana rodar”, normalmente sem entender direito o que estava acontecendo.

Puxa-saco: Essa também é uma das expressões populares mais comuns que usamos, quase todo dia, sobretudo em tempos eleitorais (risos).  Chamar alguém de "puxa-saco" se refere à pessoas interesseiras, que tentam agradar um terceiro - normalmente 'poderoso' - ou em nome de algum ganho material.

Esse dito popular, segundo dizem, teria nascido nos quartéis brasileiros e era um apelido dado aos soldados de baixa patente que tinham a obrigação de levar sacos de suprimentos durante as viagens e campanhas do exército.

Entre a cruz e a caldeirinha: Essa é bastante incomum, e vem de um dos instrumentos (cadeirinha) usados pelos padres nos ritos católicos e é onde se coloca a água benta, borrifada no ambiente e nos fiéis com uma espécie de colher em formato esférico. 

Por isso que para um "pobre diabo" é tão difícil estar "entre a cruz e a caldeirinha" e fazer a escolha que mais lhe será útil. 

Uma variante dessa expressão é "entre a cruz e a espada". No dicionário Houaiss, encontramos que "entre a cruz e a espada" é o mesmo que "entre a cruz e a água benta", "entre a cruz e a caldeirinha" ou "entre a espada e a parede". Em todos os casos o sentido é o mesmo, mas para ilustrar melhor:  "entre a espada e a parede" é estar em situação muito difícil, a que não se tem como fugir.

Sem eira nem beira: a expressão “Nem eira nem beira”, na qual ‘eira’  diz respeito a um local de terra batida ou cimentado, como um quintal. Já, com relação à palavra ‘beira’, os dicionários apontam como um telhado avançado. Logo, alguém "sem eira nem beira" é alguém que não tem nada, nem quintal, nem telhado e também, sem meios para se arrumar. Em resumo: está sem nada.

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Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

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