quarta-feira, 29 de julho de 2020

Nero: pega fogo cabaré!

O conhecidíssimo Imperador Nero – último imperador romano, da dinastia júlio-romano – possuiu a fama de ter tido uma postura polêmica e desequilibrada em muitos níveis durante seu governo.
Seu reinado (de 54 a 68 d. C.) é associado à tirania e por uma série de execuções. Porém, não diferente das histórias de outros imperadores romanos, é um tanto difícil de separar realidade da ficção.

O nome verdadeiro do imperador era Lúcio Domício Ahenobardo, que mais tarde passou a se chamar Nerone Cláudio César Augusto Germânico, ou simplesmente, Nero.
Apesar de ser representado, muitas vezes, como um sujeito moreno,  consta que Nero (foto abaixo) era loiro, de olhos azuis e possuía sardas.

Nero foi "proclamado adulto" com apenas 14 anos. Começou suas atividades políticas como procônsul ao lado de seu padrasto, Cláudio, aparecendo até nas moedas do império como o sucessor do cargo.
No ano 54, Cláudio faleceu vítima de envenenamento causado pela mãe de Nero, Agripina Menor. Claro que ela queria seu filho no posto mais alto do gigantesco império romano e teria arquitetado o assassinato, algo bem comum entre as mulheres que se envolviam com política.
Assim sendo, Nero ser tornou imperador aos 16 anos e já casado com sua meia-irmã Cláudia Octávia.

Enquanto seu poder crescia, o descontentamento com sua esposa também aumentou. Por isso, começou a traí-la com uma escrava recém liberta, também chamada Cláudia Acte.
Sua mãe, entretanto, descobriu a infidelidade e cobrou do filho o compromisso com a meia-irmã.
A essa altura, Nero sentia que a mãe mexia demais com sua cabeça, e influenciava no governo na mesma medida que seus mentores, Sêneca e Burro (será que é da família do... Deixa pra lá!). Depois de ter matado seu irmão adotivo, Britânico, que provavelmente tomaria o trono de Nero por ser o herdeiro legítimo e estar chegando à idade adulta, o imperador expulsou sua mãe da residência oficial.
No entanto, Nero se separou de Cláudia, e a acusou de infertilidade. Não satisfeito, exigiu que ela fosse exilada do império e, depois, executada.

Oficialmente liberto do matrimônio, começou a se relacionar com Pompeia Sabina, esposa do amigo e futuro imperador Marco Sálvio. 
Sua mãe, entretanto, ainda parecia ser um empecilho em sua vida e então, ele decidiu que não conseguiria se casar com Sabina enquanto Agripina estivesse viva. O famoso: “só casa com Pompeia por cima do meu cadáver!” Dito e feito! O imperador decidiu que deveria assassinar sua mãe, ordenando sua morte em 59 d.C.. 

Nero só casou com Pompeia em 62 e a relação entre os dois também não durou muito. 
Conhecido pelo seu histórico de violência (que isso?! Imagina!), Nero teria espancado a esposa até a morte, em um surto de raiva e ira. 
Para sua maior surpresa, quando ele ficou sabendo que Pompeia estava grávida (do segundo filho) no momento de sua morte, o fato teria perturbado o homem para sempre. Nero teria entrado em um profundo luto e historiadores modernos acreditam que, na verdade, Pompeia pode ter morrido de abordo ou complicações no parto e não fora vítima de um ataque raivoso do marido.
Surpreendentemente, após esse (suposto) sangrento episódio, Nero foi poucas vezes visto se relacionando com outras mulheres.
Mesmo assim, praticamente um ano depois, Nero se casou com Estacília Messalina, que já era casada. Isso não era problema e não fazia a menor diferença, já que seu marido teria sido obrigado a se matar para que o Imperador pudesse tomar a sua esposa. Esses assuntos parecem intriga da oposição, não é?
Ela foi uma das poucas cortesãs de Nero que sobreviveram à queda de seu reinado.

Mas a relação que marcou sua sexualidade e vida íntima depois da morte de Pompeia foi a com um rapaz chamado Esporo. O escravo liberto seria, supostamente, parecido com sua falecida mulher, então, o líder romano ordenou que o moço fosse castrado para que pudesse  se casar com o imperador. Mas ele já não tinha se casado? É, os relatos são assim mesmo, conflituosos entre si. 
Depois de terem se unido em matrimônio, ele passou a ser chamado de Pompeia, e somente dessa forma. ("Me Chame Pelo Seu Nome" da Antiguidade?)
O casamento deles aconteceu em uma cerimônia tradicional, em que Esporo/Pompeia usou um véu, e na vida pública beijava o imperador sem o menor problema, em público.
O governante, de acordo com o escritor romano Suetônio, se dedicava a manter uma aparência física atraente para seus amantes. Eita, fofoca!
Há outros relatos de que o imperador tenha se casado com outro homem, chamado Pitágora... Mas, vai saber se é verdade?!...

Deixando a vida amorosa de lado, um pouco, vamos às outras excentricidades e barbaridades do imperador.

Nero gostava, principalmente, da esbórnia, por isso promovia os chamados Banquetes de Tigelino. Nada mais era do que uma simulação, em que o imperador se vestia com peles de animais e era liberto de uma jaula, onde depois, avançava para "agarrar vítimas" (homens e mulheres) que estavam presos em estacas. Esquisito? Também achamos...

Apesar de inúmeras (olha que são muitas!) execuções de inimigos e familiares, Nero foi ‘vitima de difamações’ que ele ‘carrega’ até hoje.  
Ele teria fama de perseguir e matar mais de 100.000 cristãos, pelo simples prazer da diversão! Inclusive, diz-se que costumava envia-los ao Coliseu para serem devorados por leões e/ou untá-los com óleo para servirem de archote iluminando os jardins de seu suntuoso palácio... Sim, como velas humanas!!! 
Em grande parte a ‘fofoca’ foi atribuída ao historiador Tácito (e outros, em partes), que tinha laços com a elite do Senado (senadores deturpavam a imagem dos imperadores para a posteridade para justificarem a legitimidade de outros governantes que apoiavam). Na época da morte do imperador, Tácito tinha apenas 12 anos, então como é que ele sabia dessas coisas, se não por um boca a boca exagerado? 
Outro dado que indica que era tudo "aumentado" para difamar o imperador é que o  famoso Coliseu foi construído depois de sua morte! 
Como diz o ditado - “quem conta um conto aumenta um ponto!” - mas, em cada conto sempre há uma PONTA de verdade...

Aprendemos na escola (ou não) um dado atribuído à Nero e que não passa de um mito: não foi ele quem colocou fogo em Roma! Passamos tanto tempo acreditando nessa informação, que Nero era piromaníaco, que ele teria colocado fogo na cidade para, em seguida, reconstruí-la de forma que fosse mais conveniente ao imperador... Então foi uma 'fake news' da Antiguidade?!?
Sim, pois segundo alguns estudos mais recentes, ele estava fora da cidade quando o grande incêndio começou. Além do mais, ele foi um dos mais afetados pelo fogo: perdeu propriedades e teve um grande prejuízo financeiro.

Seus dias finais, fugindo de seus opositores, não tiveram muito espaço e intervalo para as aventuras sexuais que o imperador tanto teria esbanjado ao longo de sua vida. Morreu aos 30 anos, esfaqueado por um de seus servos depois do mesmo ter solicitado que não morresse na mão de seus inimigos.

Problemas "mentais" pareciam muito comuns entre os imperadores romanos (conferimos essas especulações nas postagens anteriores do Calígula e Heliogábalo). Pesquisas recentes apontam uma provável causa: chumbo! Esse elemento tóxico afetaria a saúde de muitos, pois eles bebiam água em utensílios e jarras de chumbo, levadas até as vilas por tubulações do mesmo material. A quantidade do metal presente na água encanada romana continha 100 vezes a mais da substância do que em águas de nascentes!
É...

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Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

2 comentários:

  1. Eita!! Chumbo!! Nerito tava chumbadão!!

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    1. Vander, Nero pode não ter posto fogo em Roma, literalmente...mas sua vida foi 'bem quente' né?

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