sábado, 9 de outubro de 2021

Conheça 4 fatos sobre a vida de Max Planck

 https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2021/10/max-planck-4-fatos-sobre-vida-e-carreira-do-pai-da-fisica-quantica.html


segunda-feira, 12 de abril de 2021

Anões de Jardim: de onde vieram, o que fazem?

Todo mundo já topou, alguma vez, com estátuas de homenzinhos pequenos em jardins de uma casa, por exemplo. Pode até ser que você que está lendo esse texto agora, tem um no jardim de sua casa. 
Nós aqui do Partículas perguntamos: vocês sabem a origem destes seres de longa barba e capuz, gorduchinhos com carinhas felizes nesses ambientes jardinescos?
Pois a gente foi procurar saber e contamos aqui o que descobrimos.

O Anão de Jardim "viajante" do filme "O Fabuloso Destino de Amelie Poulain

É possível que se associe, primeiramente, aos gnomos - alguns até chamam essas estátuas assim - e estes seres estariam vinculados à florestas e jardins de uma forma. Mas como eles foram parar nos jardins, em formato de estátua?

Primeiramente, devemos à Roma Antiga a tradição das estátuas. Os primeiros registros delas remonta esse período e espaço histórico, e sim, os romanos colocavam estátuas de seus deuses em jardins. Assim como nos templos, se guardava com a presença dos mesmos, a proteção do lugar (contra maus espíritos), além de atração de fortuna e prosperidade futura para os que ali viviam.

Já da tradição germânica e escandinava, herdamos as estátuas de gnomos: homenzinhos pequenos que acredita-se que vivem no subsolo, ou que guardam moradia em cavernas e/ou minas. 
Os contos de fadas e sobretudo na era moderna, a Disney, moldaram o nosso imaginário com relação à figura do gnomo/anão de jardim. Homens baixos e com a barba longa, tal como, na referência dos Sete Anões:


Porém, na tradição escandinava e germânica, há outros relatos e contos que dão conta de gnomos, duendes, seres diminutos em geral de diversas formas e características, que tinham um tom ameaçador.  Um fato que coloca eles em semelhança entre si é o seguinte: são "habitantes da terra" em grande parte desse folclore mencionado. Assim, eles protegem tudo que está relacionado à terra. 

Não foi antes do Renascimento que os gnomos ganharam popularidade. A natureza mística e protetora deles passou a denotar um significado forte no cotidiano social. Chegamos então no século XVII, com a prática generalizada de colocar gnomos de barro, porcelana e até madeira, no jardim. Eles eram pintados à mão e estavam mais disseminados nas aldeias da Suíça, até se espalharem por toda a Europa. 

De forma correlata à prática romana, acreditava-se que os gnomos guardariam a proteção das casas de maus espíritos e também de intrusos. Além disso, acreditava-se que à noite, eles se movimentassem para garantirem o crescimento do jardim e também, das plantações. 


O gnomo de jardim moderno, tal como conhecemos, surgiu pela primeira vez, em meados do século XVIII, na Alemanha. Dois nomes aparecem como os primeiros fabricantes da estátua alegre de jardins: Phillip Griebel e August Heissner. Griebel teria sido o primeiro fabricante registrado, embora haja contestações à esse respeito. Parece certo dizer que ele foi um dos pioneiros e um dos mais antigos na produção das simpáticas estátuas e Heissner ficara conhecido pela produção destes em alta qualidade.

Todo folclore acabou perdendo força (e de algum modo, também perdeu sentido) com a Revolução Industrial. Algumas crenças e tradições eram típicas e muito bem colocadas na vida rural das cidades europeias. Com a Revolução, os grandes centros urbanos cresceram e muitas tradições foram deixadas de lado. 
O próprio conto de fadas foi, acidentalmente relegado ao público infantil justamente por ter perdido o espaço que era desse tipo de literatura no cotidiano das aldeias majoritariamente rurais. Um conto de fadas não tinha mais espaço num centro urbano envolto de muitas fábricas para os adultos que viviam trabalhando sem tempo para "lazer". 
Por isso também, contos de fadas tornou-se uma ferramenta pedagógica e passou a compor o banco da escola e não mais nas casas para todos os membros da família.

Esse tempo culturalmente maravilhoso ficou enfraquecido com aquele cientificamente esclarecido. Por isso, perdeu-se a crença que gnomos traziam prosperidade nas plantações ou proteção de seus jardins. Com a industrialização, perdeu sentido acreditar em folclore. Com a decadência da Primeira Guerra Mundial, gnomos de jardim tiveram uma grande queda na popularidade. 

A Disney, como já dito, trouxe eles à "moda", mas não se um significado modificado e modernizado - afinal, os anões da Branca de Neve trabalham muito na mina... 
Aos poucos, as sociedades foram colocando eles como artigo de mero enfeite nos jardins, sobretudo para nós que herdamos a presença destes simpáticos serzinhos através dos imigrantes europeus. 
Em qualquer loja de jardinagem, encontramos os mais diversos tipos... Alguns até, bem divertidos!




Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima!

sexta-feira, 5 de março de 2021

Adolf Hitler era antissemita desde jovem!

Uma série de cartas até então desconhecidas escritas por Alois Hitler, pai de Adolf Hitler, lança um olhar mais profundo sobre as origens familiares do ditador nazista. A correspondência serviu como base para um livro lançado nesta segunda-feira (22/02/2021) na Áustria:  Hitlers Vater – Wie der Sohn zum Diktaror wurde (O pai de Hitler - como o filho virou ditador, em tradução livre). São 31 cartas que Alois Hitler escreveu ao construtor de estradas Josef Radlegger, após comprar sua fazenda em Hafeld, no norte da Áustria.
No livro, o historiador austríaco Roman Sandgruber argumenta que Alois desempenhou um papel-chave na formação psicológica do filho.

Em alguns dos diversos tópicos abordados através das cartas do pai do tirano genocida, o autor embasa a sua teoria de que Adolf Hitler já era um antissemita na juventude, contestando as alegações até então conhecidas de que o ódio de Hitler aos judeus surgiu depois que ele se mudou para Viena.

Quando jovem, Hitler se mudou para a cidade por volta de 1908, com o objetivo de se tornar um artista. Apesar de ter sido recusado na escola que pretendia frequentar, ele insistiu nisso por um tempo. 
As últimas descobertas vão de encontro aos relatos de August Kubizek, amigo de Hitler na adolescência frequentemente citado por outros historiadores. 

O livro revela que Alois Hitler - que morreu em 1903 - era um agente da alfândega austríaca, e seu trabalho exigia mudanças constantes de residência - a família Hitler teve 18 endereços diferentes. Descrito como um misto de autodidata, presunçoso e uma pessoa que se superestimava grosseiramente, essa situação familiar poderia ter sido grande influência na particular inclinação ao antissemitismo de Adolf Hitler

Adolf - nascido em Braunau am Inn, na Áustria, em 1889 - devido as várias mudanças, mais tarde buscou esconder o fato de que a família já havia vivido em uma propriedade judaica em Urfahr, perto da cidade de Linz, às margens do rio Danúbio. As cartas também mostram que a mãe de Hitler, Klara, perto da morte em 1907, foi tratada por um médico judeu que mais tarde fugiu para os Estados Unidos.
Foi nesses recortes de sua biografia que ele já começava a nutrir desrespeito pelo povo judeu. 

A única revolta significativa de Adolf Hitler contra seu pai, observa Sandgruber, foi a de rejeitar o desejo de Alois de que ele também seguisse uma carreira no serviço público. "Ele queria ser um artista livre e não seguir os passos de seu pai", escreve o autor.

Entretanto, é possível perceber nas cartas que tanto pai quanto filho também compartilhavam o desprezo pela autoridade e eram anticlericais, ainda que Adolf não tenha abandonado totalmente a Igreja Católica durante a sua vida adulta.

Como líder do partido nazista, Hitler emergiu como chanceler alemão em 1933, desencadeou a Segunda Guerra Mundial e promoveu o assassinato em massa de judeus e outras minorias. Este é um do capítulos mais tristes da História da Humanidade e sem dúvidas, da Alemanha unificada. 

(Fonte base para o texto: artigo da DW - Cartas inéditas revelam influência do pai sobre Hitler)

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

segunda-feira, 1 de março de 2021

Está com insônia? Conte carneirinhos...

 Por que dizem que contar carneirinhos ajuda a dormir? 


Em tese, tudo indica que contar carneirinhos seria uma atividade mental monótona e que por ser assim, enfadonha, causaria sono, desvirtuando a nossa mente dos problemas cotidianos.
No entanto, essa experiência pode ser ainda pior para atrair o sono: contar carneirinhos manteria o cérebro ativo, liberando hormônios como o cortisol, e faria o "insone" acabar ainda mais desperto. 

Neste caso, pode ser mais eficaz mentalizar uma paisagem relaxante - como uma área arborizada com uma cachoeira -, ou receber uma massagem ou tomar um banho quente. Tomar leite morno ants de deitar também parece ser uma solução bacana. Em média, quem imagina paisagens relaxantes por exemplo, relaxam e adormecem 20 minutos mais rápido do que as pessoas que ficaram "contando carneirinhos". 

Mas, qual a origem dessa expressão/costume? 


O melhor registro que temos sobre "contar carneirinhos" pode ser a fonte originária: o livro Disciplina Clericalis escrito no século XII por Pedro Alfonso - possui uma coleção de contos e fábulas mais antigos da Europa. 
Um dos contos da obra, chamado de The King and His Story-teller (em tradução livre: O rei e seu contador de histórias), trata de um rei que exigia que um súdito lhe contasse histórias até dormir. O tal, no caso, com o passar do tempo, também necessitava descansar, então, inventou a história de um homem que deveria atravessar dois mil carneiros por um rio. Assim - e para sustentar a trama - o súdito pedia ao rei que fizesse a contagem da travessia de cada carneiro... Ele acabava dormindo no meio da contagem e o súdito, se retirava para ele mesmo, cair nos braços de Morfeu. 

E aí, vocês "contam carneirinhos" quando estão com dificuldades para dormir??  Contem aí para a gente!

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

O Tempo na Idade Média: As horas do dia

Sabemos agora como foi a montagem do calendário que seguimos até hoje: 12 meses, cada um com 4 semanas e um dia de "repouso" - domingo, Dia do Senhor. (Não leu? Clique aqui). 
Mas e as malditas horas do dia? Como fracionavam esse tempo, se é que faziam isso?


Como não havia luz elétrica, as atividades - e consequentemente, o dia - terminavam assim que escurecia. As horas, então, eram calculadas a partir do pôr do sol, afinal, não haviam relógios!
Os primeiros, eram recheados de erros, e começaram a se popularizarem apenas a partir de 1300.

Na Idade Média, estava em vigor a prática romana de dividir e o dia em horas diurnas e noturnas - horae e vigiliae - sempre em grupos de três, conforme a lista abaixo.

Período da noite, quando o sol se põe:

Vigilia prima - das 18h às 21h, aproximadamente;
Secunda - das 21h a 0h;
Tertia - 0h a 3h;
Quarta - 3h a 6h.

Período do dia, ao amanhecer:

Hora tertia - das 6h a 9h;
Sexta - das 9h a 12h;
Nona - 12h a 15h;
Vespera - das 15 até o pôr do sol, por volta das 18h. 

Como já dito, sem relógios, os sinos das Igrejas eram o alarme desde o século VII: as badaladas nos tempos acima citados regulavam, no dia a dia medieval, o trabalho e a vida nos campos. Obviamente, as  horas do dia começavam mais cedo (no verão) e mais tarde (no inverno). O ponto de referência era, então o campanário dos mosteiros que batia as horas seguindo os ritmos dos monges e de suas orações.

A mattutinum - a primeira oração - acontecia por volta das três da madrugada!!!! 
Com o sol aparecendo era o momento das laudes, a segunda etapa de orações, seguida pela reza da hora tertia, por volta das 9h da manhã. Assim, se davam as orações da sexta ao 12h, da nona às 15h e da vespera às 18h. Por fim, compieta acontecia assim que anoitecesse, quando se recitava a Ave-Maria, muitas vezes acompanhada de uma badalada de sinos (sobretudo a partir do ano 1318). 
Em algumas regiões ainda mantém-se o costume: às 18 horas, as igrejas tocam sinos enquanto, por auto-falantes, padres rezam ou gravações da Ave-Maria são transmitidas para a população.  

Os minutos eram computados por instrumentos pouco precisos: relógios de sol, ampulhetas e até velas. Mas isso era irrelevante à época; a modernidade e o germe do capitalismo é que fizeram com que o tempo precisasse ser computado de forma exata - afinal, "tempo é dinheiro". 
Na Alta Idade Média, não importava tanto, ainda que se trabalhasse muito e precisasse produzir na lavoura o sustento. Isso pois, a dimensão do tempo nesse período era diverso: ele era considerado sagrado e pertencia somente a Deus.

Assim, com o advento do desenvolvimento econômico entre os séculos XI e XII e a ascensão social das chamadas classes mercantis, o lento "tempo da Igreja" se tornou o completo oposto do frenético "tempo mercante". Nesse último, era muito necessário a racionalização desse tempo: saber exatamente a duração das viagens e sobre a rapidez dos negócios, tanto comerciais, quanto empréstimos faziam as coisas acontecerem. 

Com isso, a Igreja precisou se adaptar aos novos tempos (literalmente): se antes condenava a nova filosofia - já que o tempo pertencia a Deus e era absurdo considerar objeto de lucro - passou a legitimá-la e mais que isso, legitimou também a usura - juros, arrendamentos.
Reconhecendo então que os mercadores exerciam um trabalho indispensável para a Cristandade, isto é,  a disponibilização de recursos, os mercadores também, pagavam seu pecados - literalmente - com côngruas (pensões pagas aos párocos para seu sustento), esmolas e heranças à Igreja Católica. Por causa dos mercadores é que se inventou a ideia de Purgatório, inclusive.
Nada como dar tempo ao tempo, não é mesmo? 

(Fonte base para o texto: "A Vida Secreta da Idade Média" de Elena Percivaldi)

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

O Tempo na Idade Média: calendário

Há quem faça pouco das festas de virada de ano. A celebração do Réveillon em si não deixa de ser uma coisa realmente engraçada: comemora-se a volta completa do Sol em torno da Terra.
Os "chatos" argumentam sobre isso, pois não gostam de festejar. Ou até gostam, mas são implicantes e preferem fiscalizar a vida alheia, se incomodando com a alegria dos outros. 
De todo modo, pode-se dizer algo em favor deles: Esse ciclo (do Sol em torno da Terra) é iminente; irá acontecer, quer estejamos dormindo na nossa cama no dia 31 de dezembro para 01 de janeiro, quer estejamos acordados dançando loucamente, músicas de qualidade duvidosa, com amigos e familiares, todos (bem) "lubrificados". 

Deveríamos ter abandonado o costume quase ritualístico dessa passagem (como vimos, não era bem assim noutros períodos históricos, que sequer tinham uma definição de calendário), uma vez que a civilização já deixou de praticar muitos ritos tribais, por exemplo. Se fôssemos ainda sociedades primitivas e não tivéssemos a ciência avançada, justificava-se. Temos um calendário padronizado seguido por boa parte do mundo e então, de uma forma ou de outra, poderia ter sido uma prática que, com o tempo, acabasse sendo naturalizada.
Mas não é bem assim. O pessoal se apegou à essas festas desse tipo muito mais como um jeito de extravasarem do que necessariamente se colocarem como um momento de reflexão sobre o seu significado. Se é um ciclo de uma volta completada do Sol em torno da Terra, porque não usar a data da passagem para, efetivamente, fazer uma autoavaliação de conduta e renovar as energias para um ano novo, sendo uma pessoa melhor? Sim, as pessoas fazem as promessas, mas colocar em prática são outros quinhentos...

Na postagem anterior, contamos algumas curiosidades sobre festividades como Natal, Fim de Ano e Carnaval, e ressaltamos que o tempo na Idade Média, era diverso. 
Vamos falar sobre isso, hoje? Então, nos acompanhem!

Neste período, os anos transcorriam de forma bem entendiante. Imaginem: sem TV, sem Internet... Ah, que tédio!... Mas não por isso, o tempo era bem monótono na Idade Média, principalmente para a gente comum. Ao contrário das classes cultas (que eram minoria) e dos eclesiásticos, o povo do campo, por sua vez, não tinham noção clara de como medirem o tempo. E mais que isso: era bastante difícil computá-lo. 

Se, na era romana, o ponto de partida para a contagem dos anos era a fundação da Urbe - fixada pelo erudito Varrão no dia 21 de abril de 753 a.C. - a partir do século VI popularizou-se o sistema elaborado pelo monge Dionísio, o Exíguo.

Dionísio (foto ao lado - c. 470-544) não era só monge, era jurista de direito canônico, escritor, tradutor e, no caso, matemático. Seus cálculos formalizaram um sistema que estabeleceu o nascimento de Cristo no dia 25 de dezembro do ano 753 ab Urbe condita (da fundação de Roma).
Mesmo que esse cálculo do início da chamada "nova era cristã" tenha sido reconhecido depois como errado e atrasado em quatro ou cinco anos em relação ao efetivo nascimento de Jesus, esse sistema é o que se impôs no Ocidente por volta do século X e continua sendo seguido até hoje. 

Vale lembrar que havia outras culturas que seguiam um calendários próprio, diferente do cristão. O calendário chinês vem a nossa mente, instantaneamente, e eles ainda seguem o calendário de sua própria tradição. No último dia 12 de fevereiro, os chineses comemoraram o início do ano 2021 sob um novo regente: o Boi de Metal. Ele representa ordem, adaptação, e disciplina. (Tudo que precisamos depois do atribulado 2020, não é?) 
Mas os árabes, por exemplo, contavam os anos a partir da fuga de Maomé da Meca, ocorrida no 16 de junho de 622, segundo uma tradição que se implementou a partir do ano 640 d.C. 

Mas, afinal de contas, como era o calendário usado no Ocidente na era Medieval? 

Combinando o calendário introduzido por Júlio César no século I a.C. - que dividia o ano em 12 meses - com o calendário hebraico, na qual os cristão adotaram a divisão em semanas e a importância da Páscoa, ou Pesach, que em hebraico significa "passagem", temos finalmente o contagem de tempo que seguimos desde então.
Dos hebreus também adotou-se um dia da semana dedicado ao repouso: para eles, era o shabbat - sábado. Mas o Imperador Constantino preferiu o domingo - dies domenica, o conhecido "Dia do Senhor". 

Já o primeiro dia do ano então, variava conforme o lugar. Por exemplo, o esquema de circuncisão de Jesus - que fazia o ano iniciar-se no 1º de janeiro - era usado na Roma Imperial. Na República de Veneza, em vigor até 1797, o início do ano era no dia 01 de março. O calendário seguido pelas regiões de Pisa e Florença previam o começo do ano no dia 25 de março. O mais difundido no noroeste da Península Itálica (como a Lombardia) coincidia com o Natal: 25 de dezembro. 
O bizantino era ainda "mais diferente": o ano se inciava no dia 01 de setembro e foi usado o mesmo esquema no Império do Oriente e na Rússia. 

Todos os calendários, no entanto, giravam em torno da figura de Jesus Cristo e da comemoração dos principais eventos de sua vida terrena. 
Nesse caso, Pentecostes - a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e o início de sua missão - e Corpus Christi, cuja celebração foi criada a partir do ano 1246, eram fundamentais. 
O calendário cristão também lembrava santos e mortos, além de incluir outras festividades de matriz, digamos, profanas - como recordado no post anterior - que acontecia com fusão ou resquícios pagãos, como aqueles ritos baseados em colheitas. 

No próximo post, contaremos como era a divisão das horas do dia. Até lá!
 

(Fonte base para o texto: "A Vida Secreta da Idade Média" de Elena Percivaldi)

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Festividades na Idade Média: Natal, "Ano Novo" e Carnaval

Para as classes populares na Idade Média (período da História entre 476 a 1453 d.C.) uma pausa no trabalho era uma coisa impensável. Férias, como entendemos hoje, não existia ainda, mas haviam algumas festas que não poderiam deixar de ser celebradas dignamente se não fosse como uma espécie de folga. 
Depois do nosso feriado de Carnaval, vamos comentar mais ou menos como era essa festividade neste período histórico, na postagem de hoje.


Como se sabe, as celebrações na Europa sobretudo após a Antiguidade, eram tomadas por práticas pagãs e boa parte dos ritos sagrados cristãos eram muito diferentes de hoje. Alguns eram adaptados com aspectos propositais de ordem pagã, claro, para garantir que fossem perpetrados. Outros, foram substituídos por festividades específicas, modificados ao longo do tempo. 

Por exemplo, o Natal. Este não soava muito diferente do nosso. No período ainda inconsistente em termos de data - do que seria o 25 de dezembro (em outra postagem falaremos de como se marcava o tempo na Idade Média) - no campo, se matava um porco e jogava-se dados. Essa última questão era uma distração fortemente condenada por pregadores.
Mas não pensem que era só isso: por tradição também se assistia à todas as missas da noite. A refeição também fazia um papel importante na celebração - por isso, ainda há, talvez como herança, a prática de nos esbaldarmos com a ceia. 
De acordo com Jean Verdon (medievalista francês), "decora-se a casa e vestem-se roupas novas". Parece o nosso famoso "se arrumar para ficar na sala" - que também acontece, em alguns casos, no Réveillon. 

E por falar no primeiro dia de janeiro (que como veremos, em outra postagem, não coincidia para todos com o primeiro dia do ano) era festejado com ritos bem pagãos: banquetes, é claro - mesas fartas até tarde e muita bebida. Normal, não é? De acréscimo, já quase na área do Carnaval, o pessoal usava  fantasias - máscaras de bezerros, de cervos - que eram comuns nessa ocasião. Além disso, havia também a troca de presentes!! Seria o "amigo oculto" da Idade Média??? 

Comentando sobre as fantasias, não é tão difícil pensar que as festividades tinham alguma origem pagã, sobretudo, céltica, nestas celebrações cristãs, como duas premissas que se fundiram. Por trás da ideia da máscara de cervo por exemplo, parece ser uma referência ao deus Cernuno (representado na imagem abaixo), o espírito em forma de divindade dos animais machos com chifres e também um deus céltico associado à natureza, à reprodução e à fertilidade. 

Ainda no fim da Idade Média era comum que no dia 1º de janeiro as pessoas se fantasiassem e "enlouquecessem" festejando. Por ocasião da Epifania - ou Dia de Reis - preparava-se uma suntuosa torta na qual era inserida uma fava: quem a encontrava era o rei da festa. 
Vamos ponderar aqui que essa torta evoluiu para o "Pavê ou pacumê" dos tiozões medievais, rsrsrs...

Brincadeiras à parte, entre as festas mais populares e difundidas desses período estava, sem dúvida, o Carnaval. O termo em latim parece derivar de carmen levare, ou seja, "abolir a carne". Na origem, não havia nenhuma relação especificamente com fantasias-se, festejar até não aguentar mais, que estamos costumados. Era simplesmente se deliciar com pratadas e pratadas de carne, pela última vez, antes da quaresma. 
Mas um antecessor do Carnaval é mais antigo que a era cristã. O indício foi encontrado na Saturnalia dos romanos - festas dedicadas ao deus Saturno - com brincadeiras, libações e também, troca de presentes. Nessa prática (que havia também sacrifícios) na maioria das vezes, acabava em excessos (olha só!) perigosos, a considerar que tudo era permitido, inclusive (preparem-se!) a troca de papéis, com as pessoas vestindo roupas alheias, caracterizando popularmente como as "festas dos loucos". 

Obviamente, com o advento do cristianismo, o Carnaval continuou a ser celebrado, mas perdeu o seu significado ritualístico, e acabando por ser muito criticado pelo clero que via na folia do povo um grande festejo recheado de problemas: propensão à lascívia e imoralidade, e subversão constituída. 
Errados não estavam...

Assim, o Carnaval - com a carga de irreverência que continha - se contrapunha à formas religiosas oficiais. Com a entrega ao riso, a loucura, a gozação e a abundância, isso era visto pelas autoridades eclesiásticas como algo muito semelhante aos tempos pagãos e portanto, indissociável aos costumes cristãos. Mas o porque ele era tão amado pelo povo, (e de alguma forma, ainda é, por muita gente)? 
Pois é simples: no festejo, até os mais pobres poderiam emancipar-se, esquecerem, por um momento a própria situação, e se transformarem "em outros" através das máscaras/fantasias.
Não é essa a premissa dos defensores do nosso Carnaval?

Com um tempo, até a Igreja começou a aceitar essa festividade, percebendo que era uma válvula de escape e vitalidade popular, capaz de neutralizar as tensões sociais e energias subversivas. Mas, claro, era necessário por um freio nesse "libera geral": a quaresma chegaria logo depois, impondo (como o nome diz) quarenta dias de oração, penitência, e mortificação em preparação para a Páscoa. O jejum - abstinência de carne e vinho, e na época, a redução das refeições para uma só por dia - foi teorizada nos primeiros séculos do cristianismo e, salvo algumas sutis mudanças, permanece como prática rigorosamente aceita entre os católicos, nos nossos tempos.  

(Fonte base para o texto: "A Vida Secreta da Idade Média" de Elena Percivaldi)

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Dor de cotovelo? Talvez tenhamos a solução!!

 Vocês já se perguntaram de onde vem a expressão "dor de cotovelo"?

Talvez até ela esteja em desuso, e por isso, vamos explicar primeiro (aos inevitavelmente jovens) do que se trata:
Dor de cotovelo é uma expressão utilizada para designar o despeito provocado pelo ciúme ou a tristeza de se ter sofrido alguma decepção amorosa. Quando uma pessoa se apaixona por outra e não é correspondida, costuma-se dizer que o sentimento/reação provocada nela ao ver a amada figura com outro ou outra, é sentir "dor de cotovelo".

Mas o que isso teria a ver? Não seria dor no peito, já que comumente se associa a paixão ao nosso órgão vital, o coração? Por incrível que pareça, não. A origem da expressão está totalmente no visual, na manifestação do corpo em si: quando alguém sofre de desilusão amorosa, ela se coloca em algum lugar com os cotovelos apoiados numa mesa ou num balcão, com alguma expressão de desânimo e infelicidade. Por exemplo: a clássica cena de alguém sentado em um bar, com os cotovelos apoiados no balcão enquanto mexe uma bebida do copo e chora o amor que perdeu para o garçom ou um qualquer que lhe faz companhia. Conseguiram visualizar? Pois é isso mesmo!
Fisicamente, passando um tempo grande apoiado(a) com os cotovelos, emburrado(a) e infeliz, a consequência é ficar com dor nos cotovelos. Daí a expressão.

Consta-se também que a expressão está nos principais dicionários de língua portuguesa, e que se difundiu graças ao sambista Lupicínio Rodrigues. Lupe, como era conhecido, dizem ter sido um mulherengo incorrigível, mas soube usar esse "dom" para produzir a sua arte: suas diversas desilusões amorosas foram as principais inspirações para compor suas músicas.

Como praticamente todas as canções dele, mencionavam "dor de cotovelo", tiramos um exemplo para vocês: "Cadeira Vazia" - cuja letra fala de uma moça que abandonou o rapaz, mas voltou arrependida para ele:

 

Lupe (segundo a página do Aventuras na História) costumava classificar sua dor de cotovelo em três categorias, conforme a intensidade: 

► A federal, que sempre acabava em um porre; 

► A estadual, suportável; 

►E a municipal, não rendia sequer um samba - isto é, rápida e , por assim dizer, irrelevante.

As editoras do Partículas da Curiosidade pede desculpas, afinal prometemos no título, a solução para a dor de cotovelo... Mas vamos ficar devendo essa, rsrsrs... 

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Um trio de danadinhos: Charles Chaplin, Mary Shelley e Lyndon B. Johnson

Qual personalidade que não gosta de uma ‘travessura’? Há muitos ‘safadinhos’ no mundo do cinema, da literatura, da política, em sua, em todo lugar, não é mesmo?!

Por isso, destacamos 3 ‘danadinhos’ aqui hoje: Charles Chaplin, Mary Shelley e Lyndon B. Johnson. Divirtam-se!

Um dos primeiros 'workaholics' do cinema, Charles Chaplin (foto abaixo)  simplesmente não parava. 

Mesmo trabalhando muito, Chaplin tinha tempo para outras 'cositas': o ator-diretor tinha uma vida sexual intensa e pouco ortodoxa - gostava de fazer sexo quando estava... chateado!

O artista mais celebrado da era do cinema mudo, notabilizado pelo uso de mímica e da 'comédia pastelão', era sem dúvida um homem de energia invulgar, tanto artística quanto física. Imagina só!

Chaplin teria batizado seu pênis de "oitava maravilha do mundo" — devido (supostamente) ser de tamanho avantajado. Ok, então... Se ele disse... 

Há muitos comentários também sobre a sua preferência por garotas jovens! O resultado disso foram quatro casamentos, três com moças adolescentes, 11 filhos, e uma boa e generosa quantidade de amantes. Milfred Harris, uma menina de 14 anos de idade foi sua primeira protegida. A ela, Chaplin prometeu o estrelato. A menina que não era nada boba, deu o golpe famoso, simulando gravidez e conseguindo armar um casamento. O que ela não teria contado nos planos é que isso não seguraria Chaplin por muito tempo: o casamento não durou, e ele logo se interessou por Lita Grey, que tinha 16 anos. 

A vida sexual de Chaplin ainda contou com outras dezenas parceiras de cama, jovens e influentes no cinema, entre atrizes, donas de produtoras de cinema e até mesmo a prima de Winston Churchill!!!

Que fogo, homem!!

***

A escritora Mary Shelley (foto abaixo) nos é conhecida como a autora de “Frankenstein”, e assim como Chaplin, é a mais recatada dos nossos três personagens, mas tem lá sua fama de safadinha...

Dizem que ela perdeu a virgindade sobre o túmulo de sua mãe. Bom, se isso é boato, ou não, de alguma forma, a fama correu.

E você sabia que, quando Mary começou a namorar o poeta Percy Shelley, ele era casado? E que ela tinha apenas 17 anos? Então! Os dois se casaram após a esposa do rapaz ser encontrada morta em um lago, depois de ter desaparecido por semanas. As causas da morte permanecem em mistério até hoje. Mas muitas teorias conspiratórias da época sugeriam um possível crime passional, já que Mary já se relacionava com Percy há algum tempo. No entanto, não existe nenhum indício nesse sentido. Apenas que o povo fala, e fala mesmo!

E vocês sabem como surgiu a ideia do livro ‘Frankenstein’? Mesmo que você já conheça a historia, eis que relatam: O casal costumava viajar com grupos de amigos. Certa vez, passando o feriado de verão em Genebra, na Suíça, em 1816, Mary e Percy Shelley, John Polidori e Lord Byron (ver aqui a postagem sobre ele) começaram a discutir teorias a respeito do sobrenatural. Dessas discussões surgiu a ideia de uma competição entre eles para ver quem escrevia a melhor história de terror. Shelley concebeu então, um conto: 'Frankenstein, ou o Prometeu moderno'. 

A primeira edição de 'Frankenstein' foi publicada, anonimamente, em 1818, quando Shelly tinha apenas 21 anos. Ela teria terminado de editar o livro aos 19!

***

O título do mais despudorado dos três fica para o presidente dos Estados Unidos, Lyndon B. Johnson (foto abaixo).

O ex-presidente chamava seu chamava seu pênis de “Jumbo” e fazia questão de mostrá-lo para todo mundo, sem o menor pudor. Exibicionismo exacerbado é doença, moço!

E paramos por aí? Claro que não!  Contam que ele também tinha o costume de “fazer o nº 2” com a porta do banheiro aberta – e isso em plena Casa Branca!

Intimidade é um problema! Ou seria falta de bom senso mesmo?!

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Conhecimento pode matar

Todos se lembram do romance de Umberto Eco, 'O nome da rosa', ambientado em um mosteiro medieval (foto abaixo), não é? 

Relembrando: a narrativa gira em torno de um livro que 'envenena' quem o consulta: basta umedecer o dedo com a saliva para facilitar virar as páginas de um pergaminho e a tinta com que o texto foi escrito libera seus efeitos mortíferos no leitor. Isso, na ficção literária, claro! 

Mas se engana aquele que se acha que isso está totalmente distante da realidade! Sim, a escrita pode matar!

Uma recentíssima pesquisa da Syddansk Universitet (Universidade do Sul da Dinamarca) publicada no Journal of Archaeological Science, demonstrou que muitos monges sepultados nos claustros da abadia cisterciense de Øm (na Dinamarca) teriam morrido em decorrência da exposição a elevada quantidade de mercúrio contido em uma das tintas que utilizavam para escrever e decorar os códices ornados, o vermelho. 

Como isso era perigoso? Acompanhem conosco: Na prática, para manter apontada a pena, de vez em quando a lambiam, assimilando assim, por meio da saliva, o súlfur de mercúrio presente no cinabre, isto é, ao transferir para a página o belo vermelho vivo obtido com o mineral, não podiam suspeitar que estavam assinando, lentamente, sua própria condenação à morte. 

Umberto Eco foi um escritor sagaz! Ele tomou uma licença poética perfeitamente possível (claro, sem a questão criminosa...) e fez dele uma narrativa excelente. (Por sinal, o livro - e o filme - são altamente recomendados!)

Se você costuma lamber o dedo para passar a página, é o momento de perder esse hábito! Pode haver alguma toxina ruim ali para ser o organismo (além de ser um pouco anti-higiênico também...)

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Michelangelo: calma, rapaz!!!

O quê o famoso pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano Michelangelo (foto abaixo) tinha de talento nas artes, ele tinha de nutrir rivalidades bobas!

Acreditem!

Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni ou simplesmente Michelangelo era trabalhador, celibatário e (dizem...) detestava Leonardo da Vinci! (ver a postagem sobre da Vinci aqui)

A técnica da pintura não era a única diferença entre os dois artistas italianos. Relatos históricos descrevem os homens como rivais artísticos, provocando um ao outro em seus métodos. Michelangelo teria insultado Leonardo por sua incapacidade de concluir certas obras (principalmente o seu famoso cavalo); e Leonardo, por sua vez, o criticava seu oponente por usar uma musculatura exagerada em suas esculturas.

A rixa era tão ferrenha, contam que, certa vez, Michelangelo chegou a xingar e provocar da Vinci ao vê-lo na rua. Imagina que barraqueiro!

Acredita-se que as vestes e maneiras suntuosas do autor de ‘Mona Lisa’, assim como sua (suposta) homossexualidade, possam ter irritado Michelangelo. 

Que isso, rapazes?! Vamos fazer as pazes!

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Karl Marx: é caos!!!

Todo mundo conhece Karl Marx (foto abaixo), o coautor de várias obras, entre elas 'O Manifesto Comunista' - aquele que todo mundo cita, alguns amam de paixão, mas são os primeiros a não praticar uma linha do que está escrito lá, sabem? Pois é... Mas não é sobre isso que falaremos aqui...

Embora seja considerado um dos teóricos mais influentes do século 20, sua vida pessoal era cheia de caos e desordem. 

Em partes era por conta de sua terrível situação financeira, que resultou em grande parte na expulsão de sua família da França, por causa de seus escritos políticos e parcialmente por causa de sua personalidade... Sim, Marx trabalhava intensamente, mas tinha apenas momentos de produtividade que eram muitas vezes seguidas por crises de exaustão, doenças, prazos não cumpridos e certa procrastinação. 

Marx muitas vezes iniciava um trabalho apenas para largá-lo na metade quando queria começar uma outra coisa. 

O caos interior do filósofo, no entanto, é exemplificado pela suposta maneira compulsiva com que ele gerava ideias para suas obras, isto é, acredita-se que ele pensava mais rápido do que efetivamente conseguia em produção. Marx colocava uma ideia no papel e, em seguida, se levantava e começava a caminhar ao redor de sua mesa freneticamente. Quando outra ideia eventualmente o atingia, ele se sentava rapidamente, a escrevia, e então começava o processo novamente. 

Assim, não era de se esperar que Marx costumasse entrar em colapso por exaustão!...

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Anton van Leeuwenhoek e seus ‘animálculos’.

O holandês Anton van Leeuwenhoek (foto abaixo) (1632 – 1723), era um pacato lojista e porteiro da prefeitura.

Porém, tornou-se um notável naturalista e para alguns, é considerado o inventor do microscópio e, para outros, o aperfeiçoador deste aparelho. 

Leeuwenhoek usava o microscópio para analisar piolhos e amostras de água de lagos, em meados da década de 1670, e foi estimulado por amigos a analisar os fluidos sexuais masculinos. 

Mas não avançou, preocupado que escrever sobre o sêmen e o coito pudesse ser indecente. Vamos parar para analisar com a mente da época... Meados do século XVII? É, tocar nesses assuntos era complicado mesmo!

Mesmo assim, em 1677, ele cedeu! Ao examinar seu próprio sêmen – ele esperava ver "minúsculos homenzinhos" nadando no líquido - ele ficou imediatamente impactado pelos pequenos 'animálculos' (animais só visíveis no microscópio) que encontrou se retorcendo ali dentro. Eram os espermatozoides, que até então, ninguém havia comentado sobre a existência. Anton deve ter tido uma reação hilária!

Segundo o biólogo Bob Montgomerie, da Universidade Queen, no Canadá, Leeuwenhoek chegou-se a pensar que "o vapor emitido pela ejaculação masculina de alguma maneira estimulava as mulheres a fazer bebês, enquanto outros acreditavam que os homens é que fabricavam os bebês e os transferiam às fêmeas para incubação".

E vocês acreditam que, mesmo com as descobertas de van Leeuwenhoek, passaram-se aproximadamente 200 anos até que os cientistas entrassem em consenso sobre como se formam os seres humanos? Pois é...

Seu microscópio consistia em uma lente simples e bastante pequena e foi com esse modelo que descreveu os procariontes; o espermatozoide de insetos, cães e humanos; fibras musculares; glóbulos vermelhos; capilares sanguíneos; protozoários; rotíferos e o parasita intestinal Giardia lamblia, isolada de suas próprias fezes. 

Ainda bem que a curiosidade foi maior e 'o pai da microbiologia' fez muitas descobertas ou estaríamos até hoje achando que os homens carregam pequenos "hominhos" no... Deixa para lá! (risos) 

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

As origens das palavras e expressões populares – Parte 2

Confiram a parte 2 da seção das 30 mais divertidas e curiosas palavras e expressões (e possíveis origens). 

Caso não tenham lido a primeira parte, cliquem aqui. A seguir, as 15 expressões e suas (supostas) origens!

Bárbaro: A palavra “bárbaro” tem várias conotações. A maioria delas carrega um sentido negativo, como quando nos referimos a uma pessoa como selvagem ou bruta. Esse sentido muito provavelmente é uma herança da Roma Antiga. Durante a expansão do Império Romano era comum dizer que "bárbaro" eram  todos os povos que não tinham a língua latina como a nativa, isto é, os povos germânicos, celtas, iberos, trácios e persas.

Mas existe também um lado positivo do termo, que em geral está associado à figura dos fortes bárbaros que aparecem nos filmes. Em alguns casos também dizemos que é "bárbaro" algo ou alguém que seja interessante, e por extensão, legal.

Independente de qual significado se atribui, a palavra sempre foi usada para tratar de alguém que vem de fora, que não pertence a um mundo considerado "civilizado" e é aí que começamos a chegar no seu sentido original. Lá no tempo dos gregos, esse termo foi cunhado para fazer piada (literalmente) com os estrangeiros. E sim, numa consulta ao dicionário podemos compreender que a palavra vem de barbarus, que significava  "estranho", "estrangeiro" ou "ignorante".

A raiz da palavra 'barbar' não é nada mais do que a maneira como os gregos interpretavam a língua dos estrangeiros: para eles soava algo como som sem sentido que emitiam - “bar bar bar”. O termo foi usado para se referir a “uma pessoa que não fala nosso idioma” até o início do século 17. A partir de então, o adjetivo para designar uma pessoa selvagem e rude passou a predominar.

Nas coxas: Essa não é uma das expressões mais bonitas de nosso vocabulário usual. "Nas coxas" indica que algo foi mal feito, realizado sem capricho; é imprecisa. Porém, não há consenso sobre sua origem. Talvez ela viria do período da escravidão, sendo a  vertente mais popular conhecida. Afirmam que a expressão viria do hábito dos escravos moldarem as telhas de barro em suas coxas e que, por possuírem tamanhos e formatos diferentes, acabavam irregulares e mal encaixadas. 

Colocar panos quentes: De uso figurado, "colocar panos quentes" é  utilizada para fazer referência a uma tentativa de amenizar uma situação. O objetivo principal é o de apaziguar um problema, evitando, assim, que uma confusão seja instaurada. A origem da expressão tem por base um tratamento terapêutico paliativo, no qual panos quentes são aplicados sobre determinada parte do corpo para aliviar dores e/ou sintomas como, por exemplo, a febre. A aplicação de calor para combater a dor ajuda a relaxar os músculos e, com isso, a evitar espasmos. O calor dos panos quentes também tende a causar uma transpiração que resulta na diminuição da temperatura do corpo. Isso pode levar ao término da febre.

Apesar de não curar o motivo do problema, os panos quentes proporcionam uma sensação de alívio que ajuda a controlar o problema temporariamente. Um processo semelhante acontece com o uso da expressão: Ao "colocar panos quentes" em determinada situação, não se resolve o problema, porém ele se encontra sob uma solução temporária.

(Não confundam com o "passar pano". Nesse caso, é só mais uma expressão atual cujo sentido já existia fazia tempo: "passar a mão na cabeça" era a expressão usada para isentar alguém de culpa ou justificá-la por um erro cometido...)

Boca de siri: Eis uma que faz tempo que não ouvimos - a boca dos crustáceos, os siris, é apenas uma fenda e fica extremamente fechada. Logo, “fazer boca de siri” é uma ótima alternativa para quando você quer dizer para alguém “ficar de boca fechada” e não sair fofocando ou espalhando segredos por aí.

Tempo é dinheiro: A expressão é utilizada para indicar que, em um contexto laboral, o tempo utilizado para fazer algo acaba por ser um tempo vendido. Afinal, a pessoa que trabalha recebe determinado valor pelo tempo que passou trabalhando.

A frase também costuma ser interpretada de uma segunda forma: o tempo que uma pessoa tem livre também pode ser "transformado" em dinheiro se utilizado para realizar uma atividade que dê lucro (por exemplo, vender algo). Acredita-se que a expressão teve origem em uma frase do filósofo grego Teofrastos, que afirmou em um de seus livros que “o tempo custa muito caro”. Teofrastos levava, em média, 2 meses para escrever cada um de seus livros e o tempo gasto escrevendo acabava por voltar para ele sob a forma de "dinheiro".

Depois de saber disso e de ler as obras do filósofo, o físico americano Benjamin Franklin concluiu e reformulou a expressão para “tempo é dinheiro”.

Meter o bedelho: Outra expressão sumida e que significa intrometer-se em um assunto que não lhe diz respeito. Bedelho tem outros dois significados principais. Um objeto - a palavra "bedelho"  designa a pequena tranca posicionada na horizontal entre os batentes de uma porta ou janela, de forma a permitir que ela seja fechada ou aberta - e outro, mais substantivo - "bedelho também significa um trunfo pequeno, insignificante, em um jogo de cartas. É notável que esse segundo significado estaria mais relacionado com a origem da expressão do que o primeiro.

Quando uma pessoa "mete o bedelho" em algo, ela geralmente dá uma opinião intrometida, insignificante, sem importância num caso que simplesmente, não fora chamada. O mesmo acontece no jogo de cartas: Um bedelho usado é praticamente uma carta forçada; não faz muita diferença no jogo e, por isso, é irrelevante.

Dar a mão à palmatória: significa “confessar ou admitir um erro”; “reconhecer que não tem razão”. Mas o que é "palmatória"? É um antigo objeto de madeira formado por um cabo onde uma das extremidades é mais larga e geralmente arredondada. Antigamente, ela era utilizada pelos professores para bater na palma da mão de alunos como forma de discipliná-los. Quando os alunos estavam errados, eles estendiam um dos braços com a palma da mão voltada para cima de modo que o professor pudesse bater nela utilizando a palmatória. Doía, mas não deixava marcas, nem maiores danos. Faz um bom tempo que o uso de instrumentos assim foram proibidos nas escolas.

A origem da expressão faz alusão à antiga metodologia utilizada por professores, onde os alunos, ao admitir um erro, literalmente "davam a mão à palmatória".

Arroz de festa: A expressão se refere ao conhecido arroz doce, que durante o século 14 era uma sobremesa praticamente obrigatória nas festas, tanto para portugueses quanto para brasileiros. Não demorou muito para a expressão ser usada para se referir àquelas pessoas que não perdem uma só “boca-livre”. (Conhecemos um monte de gente assim... rsrsrs...)

Salvo pelo gongo: Ao que tudo indica, a expressão teve origem nas lutas de boxe, já que o pugilista prestes a perder pode ser salvo pelo soar do gongo ao fim de cada round.

Mas, claro, existe outra explicação possível e mais bizarra: seria sobre uma invenção chamada “caixão seguro”. Explicamos: esse tipo de urna era usada por pessoas que tinham medo de ser enterradas vivas e que encomendavam caixões com uma corda ligada a um sino fora da sepultura. Se elas acordassem, poderiam dar sinal de vida puxando a corda assim, ser retirada da cova! ...

➤ Ter uma paciência de Jó: Na Bíblia, Jó é retrato como um personagem que enfrenta as piores provações da vida, mas não deixa sua fé em Deus se abalar. Logo, quando alguém tem “paciência de Jó” é porque sabe esperar sem se abalar com a demora, os problemas e não perde a perseverança.

Por a mão no fogo: Esse era um tipo de tortura praticada na época da Inquisição promovida pela Igreja Católica na Idade Média.  Quem era sentenciado a esse tipo de castigo por ter cometido algum tipo de heresia, tinha a mão envolvida em estopa e era obrigado a andar alguns metros segurando um ferro aquecido em brasa.

Depois de três dias, a estopa era arrancada e a mão do “herege” era examinada: se ainda estivesse queimada, o destino era a forca. No entanto, se estivesse ilesa, era porque a pessoa era inocente - o que nunca acontecia, não é mesmo?

É por causa disso que "colocar a mão no fogo" ou "fogo nas mãos" virou  sinônimo uma espécie de atestado de confiança.

Rodar a baiana: Mais do que uma expressão - é também uma prática -  quer dizer ‘dar um escândalo em público’ e teria se originado nos blocos de Carnaval do Rio de Janeiro no início do século 20.

Dizem que, nessa época, alguns malandros aproveitavam a folia para dar beliscões no 'bumbum' das moças dos desfiles até que capoeiristas passaram a se fantasiar de baianas para proteger as garotas desse tipo de assédio.

Daí, quando algum engraçadinho desavisado 'avançava o sinal', levava um golpe de capoeira. Quem estava de fora só via a “baiana rodar”, normalmente sem entender direito o que estava acontecendo.

Puxa-saco: Essa também é uma das expressões populares mais comuns que usamos, quase todo dia, sobretudo em tempos eleitorais (risos).  Chamar alguém de "puxa-saco" se refere à pessoas interesseiras, que tentam agradar um terceiro - normalmente 'poderoso' - ou em nome de algum ganho material.

Esse dito popular, segundo dizem, teria nascido nos quartéis brasileiros e era um apelido dado aos soldados de baixa patente que tinham a obrigação de levar sacos de suprimentos durante as viagens e campanhas do exército.

Entre a cruz e a caldeirinha: Essa é bastante incomum, e vem de um dos instrumentos (cadeirinha) usados pelos padres nos ritos católicos e é onde se coloca a água benta, borrifada no ambiente e nos fiéis com uma espécie de colher em formato esférico. 

Por isso que para um "pobre diabo" é tão difícil estar "entre a cruz e a caldeirinha" e fazer a escolha que mais lhe será útil. 

Uma variante dessa expressão é "entre a cruz e a espada". No dicionário Houaiss, encontramos que "entre a cruz e a espada" é o mesmo que "entre a cruz e a água benta", "entre a cruz e a caldeirinha" ou "entre a espada e a parede". Em todos os casos o sentido é o mesmo, mas para ilustrar melhor:  "entre a espada e a parede" é estar em situação muito difícil, a que não se tem como fugir.

Sem eira nem beira: a expressão “Nem eira nem beira”, na qual ‘eira’  diz respeito a um local de terra batida ou cimentado, como um quintal. Já, com relação à palavra ‘beira’, os dicionários apontam como um telhado avançado. Logo, alguém "sem eira nem beira" é alguém que não tem nada, nem quintal, nem telhado e também, sem meios para se arrumar. Em resumo: está sem nada.

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

As origens das palavras e expressões populares – Parte 1

Nosso idioma é riquíssimo e bem diversificado. Muitas expressões e palavras que usamos no dia-a-dia, sabemos os significados, mas - talvez - não saibamos suas origens.

Por isso, decidimos selecionar as 30 mais divertidas e curiosas palavras e expressões (e as possíveis origens), separadas em duas partes. 

Confiram a parte 1:

A dar com pau: “Pau” é um substantivo utilizado em algumas expressões brasileiras, e tem sua origem nos navios negreiros. Muitos negros capturados preferiam morrer a serem escravizados e, durante a travessia da África para o Brasil, faziam greve de fome. Para resolver a situação, foi criado então o “pau de comer”, uma espécie de colher que era enfiada na boca dessas pessoas aprisionadas por onde se jogava a comida (normalmente angu e sapa) até alimenta-los, enfim. A população incorporou a expressão que significa algo relacionado à muita quantidade e forçosamente disponível.

Bode expiatório: Essa é nada mais que o animal mais oferecido em sacrifício, sobretudo em rituais (religiosos) de algumas culturas antigas. Logo, ter "um bode expiatório" é ter alguém que se sacrifica para dar informações privilegiadas ou para conseguir algo em seu nome ou de outros.

Paredes têm ouvidos: paredes são inanimadas, mas a expressão significa alerta, uma metáfora que quer dizer que alguém pode estar ouvindo a conversa privada. Em alemão, francês e chinês existem ditados bem parecidos com este e com o mesmo sentido, como: “As paredes têm ratos e ratos têm ouvidos”. Há quem diga também que essa foi uma expressão usada para se referir à rainha Catarina de Médici, esposa do rei da França, Henrique II, que era perseguidora dos huguenotes e chegou a fazer furos nas paredes do palácio para ouvir o que as pessoas - das quais suspeitava - estavam dizendo. Interessante, não?

Meia tigela: significa algo sem qualidade e/ou insignificante, medíocre, desimportante. Ela vem dos tempos de escravidão: quando o escravo não conseguia preencher o “bucho” da mina com ouro, ele só recebia metade de uma tigela de comida. Muitas vezes, o escravo - que com frequência não conseguia alcançar essa “meta” - recebia a expressão como apelido. Tais hábitos não eram, porém, restritos às minas, e a punição retirando-se parte da comida, era comum na maioria das obrigações dos escravos. Hoje, a expressão é comumente usada para qualquer pessoa que ofereça um serviço incompleto ou insatisfatório.

Mas a expressão também tem por base a época da monarquia portuguesa. Durante esse período, os funcionários da realeza eram alimentados de forma que a quantidade de comida recebida fosse proporcional à função desempenhada.

Essas quantidades estavam predefinidas em um livro oficial chamado de “Livro da Cozinha del Rei”.

Assim, enquanto os funcionários com cargos de hierarquia mais alta comiam uma tigela inteira, os de hierarquia mais baixa comiam apenas meia tigela.

Escapar: Além da ideia de abandonar as obrigações por um momento, também usamos essa palavra para nos livrar de alguma situação, sem ser notado. Contudo, esse verbo e seus substantivos relacionados (não podemos nos esquecer da “escapadela”!) têm uma origem muito mais divertida: A palavra que nos indica uma fuga repentina também é bastante usada em histórias de heróis que “escapam” das garras de seus inimigos e aqui estamos mais perto do começo de tudo.

A ideia que deu origem ao termo está associada ao fato de se deixar a capa para trás. Para ajudar a construir esse sentido, temos o prefixo latino ex, que significa “fora de” e ainda é usado em muitas outras palavras. O verbo excappare surgiu no latim vulgar no século 12 com o sentido de deixar alguém segurando apenas a sua capa. Já o sentido metafórico da palavra chegou até nós somente a partir do século 19.

Lavar a égua: a expressão quer dizer aproveitar, se dar bem, se redimir em algo. Vem da exploração do ouro, quando os escravos mais corajosos tentavam esconder algumas pepitas debaixo da crina do animal, ou esfregavam ouro em pó em sua pele. Depois, pediam para lavar o animal e, com isso, recuperar o ouro escondido para, quem sabe, ajuntar uma quantia e comprar sua própria liberdade. Os que eram descobertos, porém, poderiam ser açoitados até a morte.

Para quem já foi a Ouro Preto-MG pode ter ouvido de algum guia nas igrejas ou museus sacros, que alguns negros escravos costumavam acumular o pó do ouro também, nos cabelos. Ao irem à missa, eles passavam água benta das pias das Igrejas nos cabelos e deixavam lá para que os padres pudessem usar como uma espécie de dízimo. 

Casa da mãe Joana: Quem é que nunca ouviu alguém reclamando, dizendo que “Aqui não é a casa da mãe Joana, não”? A expressão serve para descrever um local no qual tudo é permitido e não existe qualquer tipo de organização. Ou seja, uma bagunça! Ela surgiu na Europa durante a Idade Média, depois que a Condessa de Provença e rainha de Nápoles, que se chamava — adivinhe! — Joana, decidiu regulamentar a situação dos bordéis de Avignon, na França, cidade onde vivia como refugiada. Ah, tá!

Uma das normas que ela estabeleceu ditava que as portas desses locais deveriam permanecer sempre abertas, permitindo a passagem de quem quisesse entrar. A norma acabou virando uma expressão, que foi parar em Portugal como “Paço da mãe Joana”, onde virou sinônimo de prostíbulo e lugar no qual reina a desordem, entra qualquer um. Aqui no Brasil, a palavra Paço foi traduzida para Casa, e o resto da história você já conhece...

Santo do pau oco:  Hoje em dia a expressão serve para designar pessoas que se fazem passar por boazinhas quando, na realidade, não o são, ou seja, virou sinônimo de falsidade e de hipocrisia. Sim, o mal do século não é modinha...

A expressão vem do Brasil colonial (de novo!) quando os impostos sobre o ouro e sobre as pedras preciosas eram muito altos. Então, para enganar a coroa Portuguesa, os mineradores escondiam parte de suas riquezas em figuras santas que tinha abertura na madeira e o fundo oco.

Dessa forma, eles podiam passar pelas Casas de Fundição sem pagar impostos abusivos, já que ninguém dava importância ao santo que estava sendo carregado. O jeitinho brasileiro, desde o começo da nação...

Custar os olhos da cara: Este ditado definitivamente teve origem na antiguidade, e encontramos várias explicações possíveis sobre como ele foi criado. Uma delas se refere ao costume bárbaro de arrancar os olhos de prisioneiros de guerra, governantes depostos e outros inimigos depois de algum golpe político ou batalha importante. Os vencedores acreditavam que assim os inimigos vencidos teriam poucas chances de se vingar, pois, sem os olhos, se tornariam inofensivos.

Outra possível origem seria a Grécia antiga, já que reza a lenda que por lá era comum que os reis, por ciúme, prendessem seus poetas e lhes arrancassem os olhos, para que eles não pudessem escrever para mais ninguém. Cruel!

Existe ainda mais uma (provável) origem; desta vez daqui perto, na América Central. Dizem que a expressão surgiu em referência ao espanhol Diego de Almagro, que viveu entre os anos 1479 e 1538. Ele foi um dos conquistadores da América e teria perdido um dos olhos quando tentava invadir uma fortaleza Inca.

Ele próprio teria dito que defender os interesses da coroa espanhola teria custado seus "olhos da cara", ao falar sobre o assunto ao imperador Carlos I, da Espanha.

Dor de cotovelo: Você já reparou na posição que as pessoas que estão nos bares enchendo a cara e afogando as mágoas adotam, com os cotovelos apoiados no balcão? Parece que os mais chorosos desenvolveram uma espécie de “dor por esforço repetitivo”, passando a ter os cotovelos constantemente doloridos.

Embora, no passado, essa expressão fosse utilizada para se referir à dor causada por amores perdidos ou não correspondidos, hoje ela é basicamente empregada para designar sentimentos de despeito e de ciúmes com qualquer um.

Maquiavélico: os termos maquiavelismo e maquiavélico têm origem a partir do filósofo Nicolau Maquiavel e o seu principal livro – ‘O Príncipe’. 

A expressão "maquiavelismo" significa astúcia e conduta desleal, enquanto, por "maquiavélico" se entende um indivíduo que não se importa com os meios que escolhe para atingir seus propósitos. No último caso, e na maioria das vezes em que ocorre, está associado à maldade.

Mullet: A palavra “mullet” tem um uso mais específico no Brasil. Além de ter sido incorporada pela moda – onde representa uma peça (camisa, saia ou vestido) com corte mais curto na frente e alongado na parte de trás – o termo é conhecido por batizar um corte de cabelo bastante característico.

Mas o que pouca gente sabe é que o sentido mais comum do termo foi criado pela banda Beastie Boys. No século 15, a palavra era usada para descrever um peixe que tinha a cabeça larga e achatada. Foi somente quando os Beastie Boys lançaram a música “Mullet Head” (de 1994) que o termo foi associado ao corte de cabelo. (Poderia jurar que era de bem antes...)

E o mais divertido é que o estilo foi descrito na própria letra da música: “Number one on the side and don’t touch the back / Number six on the top and don’t cut it wack” (“Número um do lado e não encoste atrás / Número seis em cima e não corte estranho). Quem diria que os Beastie Boys seriam os responsáveis por batizar um corte de cabelo tão "polêmico"?

Do arco-da-velha: Atualmente utilizada para indicar que algo é muito velho ou muito antigo, a expressão “do arco-da-velha” originalmente indicava algo surpreendente; fantástico. A origem da expressão é bíblica e explica que, após um grande dilúvio, Deus sugeriu a Noé que fosse feita uma aliança entre os homens e ele. Essa aliança foi representada por um arco-íris que surgiu no céu. Daí o sentido de 'fantástico', e o arco-íris passou a representar o arco da velha aliança - entre Deus e os homens.

A expressão possui uma variação, "arca-da-velha", que consiste em um tipo de baú onde senhoras idosas guardavam seus pertences, alguns deles relíquias. Daí o outro sentido da expressão: aquele que indica algo velho; antigo.

Fazer ouvidos de mercador: A expressão é incomum, e significa não ouvir, por decisão própria, ignorar o que outra pessoa está dizendo. A versão mais popular da origem da expressão afirma que o mercador - pessoa que se deslocava entre diferentes locais para vender mercadorias - gritava tanto para anunciar e publicitar seus produtos que acabava ficando totalmente indiferente a quem com ele falava, pois não os conseguia ouvir os outros, tamanha gritaria.

Uma segunda versão indica que a palavra correta seria "marcador" e não "mercador". O "marcador" era o senhor que, na época da escravidão, marcava os negros escravos com ferro quente, como se costuma fazer com gado.

Apesar dos gritos de dor proferidos pelos escravos, o marcador não podia se sensibilizar e romper o ato. Ele fingia não estar ouvindo nada e prosseguia, assim, com seu trabalho.

Vá tomar banho!: Atualmente, quando usamos essa expressão, mostramos a alguma pessoa que provavelmente estamos irritados por ela estar nos chateando com algum problema... Literalmente, o "vá tomar banho!" é o jeito meigo de xingar alguém que está enchendo a sua paciência. A origem da expressão está relacionada com o período da monarquia portuguesa no Brasil. Naquela época, o banho não era um hábito comum, pois! Alguns membros da corte passavam dias e dias com as mesmas roupas, que também não eram lavadas constantemente.

Os habitantes indígenas, incomodados com o mau cheiro e já fartos de receberem ordens dos portugueses, costumariam dizer a eles que tomassem banho... Será mesmo?

Tomar banho era sinônimo não só de higiene, mas também de purificação. Acreditava-se que um banho limpava também as desonestidades e impurezas da alma, e melhorava o caráter. Ah, se fosse assim fácil...

Assim, também era comum dizer a alguém para "ir tomar banho" quando considerava-se que essa pessoa era impura. Achamos justo.

* Aguardem a parte 2, na próxima postagem!

Gostaram da postagem de hoje?
Comentem com sugestões, criticas e apoio! 
Logo teremos mais curiosidades! Até a próxima